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Pinacoteca recebe instalação de Denilson Baniwa

A Escola Panapaná é um experimento artístico-pedagógico com aulas de línguas e culturas indígenas, arte e música; a instalação poderá ser visitada pelo público a partir de 18 de março

Por Equipe Editorial - março 16, 2023
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Denilson Baniwa, artista e curador que vem se tornando um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira, será o primeiro artista indígena a ocupar o Projeto Octógono Arte Contemporânea da Pinacoteca Luz: a Escola Panapaná.

Denilson Baniwa na Pinacoteca

A instalação é uma construção em três pavimentos concebida para ser um espaço experimental de aulas de línguas e culturas indígenas, arte e música, com curadoria de Renato Menezes.

Indígena do povo Baniwa, Denilson mostra que, para a sua comunidade, a educação deve ser pensada como um modo de construção de um mundo para quem ainda não nasceu. Na instalação Escola Panapaná, o artista propõe um experimento artístico-pedagógico colaborativo, traduzido, no mundo não Baniwa, como escola. Denilson traz para o coração da Pinacoteca Luz uma oportunidade para que os visitantes entrem em contato com a cultura de diversas comunidades, como os Baniwa e os Guarani, através de aulas e práticas que discutem os princípios básicos de comunicação, a origem da língua desses povos, sua produção artística, tradições e modo de se relacionarem com a fauna e a flora.

Dentro das temáticas que aborda em sua produção e pesquisa, Denilson se propõe a revisitar materiais históricos iconográficos, buscando uma nova perspectiva sobre o que é ser indígena, fora do imaginário social construído ao longo dos séculos. A educação, para o artista, é um meio para que a história dos povos indígenas, em toda a sua diversidade, possa ser repensada e reescrita, a partir da perspectiva própria de cada comunidade.

Denilson Baniwa na Pinacoteca
Denilson Baniwa. Crédito: Rafalea Campos Alves (Wikipedia)

“Denilson Baniwa é mestre em alterar nossa percepção das coisas. Há três anos, Denilson plantou e cultivou um jardim no estacionamento da Pinacoteca Luz, mudando nossa experiência naquele lugar. Dessa vez, dentro do Octógono, ele não somente muda nosso ponto de vista, como também indica que o museu é um espaço de interação, de troca e de aprendizado. A Escola Panapaná só acontece em sua plenitude quando as pessoas se encontram, conversam e pensam juntas”, conta Renato, curador da exposição.

A palavra Panapaná, que tem origem tupi e designa o coletivo de borboletas, permite uma analogia com o coletivo de pessoas que frequentarão a escola. No início, um grande casulo se apresenta aos visitantes. A medida em que as ativações forem acontecendo, um par de asas vai se abrindo, até que uma mariposa se apresentará pronta para alçar voo. Nessas asas vêm estampada a sílaba gráfica da mariposa tal como aparece na cestaria do povo Baniwa, exímios trançadores de palha.

O ciclo de vida da mariposa oferece um modelo de compreensão das fases da vida para o povo Baniwa, estreitando as relações entre humanos e não humanos. No ecossistema amazônico, as mariposas são também importantes bioindicadores da qualidade do ambiente, além de carregarem o pólen que ajuda na reprodução das plantas. Em seu projeto, Denilson faz uma alusão ao que aprendeu com a mariposa: na Escola Panapaná, o artista estimula a germinação e a polinização, isto é, a proliferação do conhecimento a partir da interação do público com cada mestre e membro de cada comunidade que estará no espaço na condição de semeador.

Sobre Denilson Baniwa

Denilson Baniwa é indígena do povo Baniwa, natural de Barcelos, no interior do Amazonas, e radicado em Niterói, no Rio de Janeiro. Atua como artista, curador e articulador de cultura digital. É um dos fundadores da Rádio Yandê, primeira rádio indígena web do Brasil. Como curador, esteve à frente de mostras tais como: “Terra Brasilis: o agro não é pop!” (2018), na Galeria de Arte da Universidade Federal Fluminense, em Niterói, e “Nakoada: Estratégias para a arte moderna”, no MAM-Rio. Como artista visual, já recebeu diversos prêmios, realizou diversas residências e já expôs em instituições como o CCBB, CCSP, Centro de Artes Hélio Oiticica, Museu Afro Brasil, MASP, MAR, Bienal de Sidney e Getty Research Institute, em Los Angeles. Na Pinacoteca de São Paulo, no âmbito da exposição “Véxoa: Nós sabemos” (2020), Denilson foi responsável pela obra “Nada que é dourado permanece 1: Hilo”, que consistia na plantação e cultivo de um jardim em parte do estacionamento do museu. Esse trabalho se desdobra na presente ocupação do Octógono da Pina Luz.

Sobre a Pinacoteca

A Pinacoteca de São Paulo é um museu de artes visuais com ênfase na produção brasileira do século XIX até a contemporaneidade e em diálogo com as culturas do mundo. Museu de arte mais antigo da cidade, fundado em 1905 pelo Governo do Estado de São Paulo, vem realizando mostras de sua renomada coleção de arte brasileira e exposições temporárias de artistas nacionais e internacionais. A Pina também elabora e apresenta projetos públicos multidisciplinares, além de abrigar um programa educativo abrangente e inclusivo.

Serviço

Denilson Baniwa: Escola Panapaná
Período: 18.03 a 30.07.2023
Curadoria: Renato Menezes
Pinacoteca Luz (Octógono)
De quarta a segunda, das 10h às 18h
Gratuitos aos sábados – R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)
Inscrições em breve pelo site.

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