Arte e meio ambiente: artistas que estabelecem essa relação
Saiba como a arte pode servir como geradora de reflexões sobre a questão ambiental.
A arte, sempre ligada ao ser humano, sendo veículo de suas emoções e percepções, tem forte papel mobilizador. Esse ativismo pode estar relacionado a diversas temáticas, sendo uma delas a preocupação ambiental.
As preocupações com o meio ambiente crescem conforme aumenta o desenvolvimento tecnológico. Questões como aquecimento global, emissão de poluentes, desmatamento, lixo, têm chamado muito mais atenção, tanto ao nível popular quanto em escala governamental.
Em 1992, tivemos a segunda conferência mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro. Nesse instante, questões que tangem esse assunto passaram a ter interesse global, assim como os conceitos de “desenvolvimento e preservação humana” se interligaram diretamente à sustentabilidade.
Através da arte, portanto, podemos nos questionar sobre o impacto humano no meio que nos cerca, sobre a em forma que obtemos recursos energéticos para a manutenção da vida material e por fim, refletir para onde estamos caminhando.
É pensando nessas questões que o Arteref separou alguns artistas que possuem um forte engajamento em problemáticas ambientais.
Obras em Destaque
Agnes Denes
Uma das pioneiras do movimento de arte ambiental, Agnes, com o apoio do Fundo de Arte Pública, plantou um campo de trigo (wheatfield) em dois acres de terreno (local que servia como depósito de lixo) próximo à Wall Street e do World Trade Center, em Manhattan.
O “confronto” (subtítulo da obra) se dá na existência de uma plantação em meio ao caos da cidade, gerando reflexões sobre nosso modo de vida e nossa relação com o meio ambiente. Nas palavras da autora:
“O campo de trigo era um símbolo, um conceito universal; representava comida, energia, comércio mundial e economia. Referia-se a má gestão, desperdício, fome no mundo e preocupações ecológicas. Isso chamou a atenção para nossas prioridades equivocadas”.
Olafur Eliasson
Bastante conhecido por suas instalações em grande escala, Olafur Eliasson produz também esculturas e fotografias, tendo participado diversas vezes em importantes exposições internacionais.
Suas obras normalmente são baseadas em materiais simples como a água e a luz. Nelas, o artista reflete bastante sobre a natureza e a cultura. Além disso, explora nossos sentidos e questiona costumes e reações automáticas a partir de experiências subjetivas.
Na exposição do autor, vemos o clima (vento, chuva, sol) como um dos poucos encontros fundamentais com a natureza que ainda podem ser vivenciados na cidade. Ele é interessado em saber como o clima molda uma cidade e, por sua vez, como a própria cidade se torna um filtro para experimentar o clima.
Nele Azevedo
A artista brasileira busca uma conciliação entre a esfera pública e a esfera privada, entre o eu subjetivo e a cidade. No lugar da escala grandiosa, utilizada como ostentação de grandeza e poder, propôs uma escala mínima. No lugar de materiais duradouros, propôs as esculturas em gelo que têm duração passageira. Elas não cristalizam a memória, nem separam a morte da vida, mas ganham fluidez, movimento, e resgatam uma função original do monumento: lembrar que morremos.
Além disso, podemos relacionar o Monumento diretamente com o aquecimento global, onde as esculturas de gelo podem representar os próprios seres humanos “derretendo” com o aumento da temperatura na Terra; além, é claro, do fenômeno estar ligado ao derretimento das próprias geleiras.
Veja mais sobre a vida e obra de Nele Azevedo
Adriano Gambarini
Ele é fotógrafo permanente da National Geographic Brasil, notabilizou-se por documentar projetos etnográficos e conservacionistas de maneira sistemática, integrando um vasto conhecimento sobre meio ambiente, ecologia, cultura e comportamento de populações tradicionais.
Frequentemente é convidado a ministrar palestras sobre fotografia como forma de comunicação e interpretação das relações humanas com o meio ambiente.
Acesse o acervo de Gambarini, que reúne diversas paisagens, países e culturas
Mario Barila
Aluno do fotógrafo catarinense Araquém Alcântara, nome fortemente ligado a questão ambiental, iniciou seu caminho nesta direção há 7 anos, quando pela primeira vez reverteu toda a venda das imagens que fez em Ilhabela, para a compra de computadores para ajudar uma escola local.
Em sua trajetória a preservação do meio ambiente e apoio social garantem sua forte atuação junto a regiões atingidas por desastres ambientais, como por exemplo a doação de mais de mil mudas de árvores até agora, para região que foi drasticamente atingida pelo rompimento da barragem de Mariana em Minas Gerais, um contraponto pelo descumprimento da promessa de reparação da Vale na região a qual se repetiu em Brumadinho.
Com esses artistas, podemos observar como a arte atua de diversas maneiras, seja como crítica em relação a como nos comportamos com o meio ao redor, como fruição estética e apreciação da natureza, além de produto de uma reflexão, principalmente quando há um choque entre o olhar do público e o que está sendo exposto.