Movimentos

Cubismo analítico e sintético: diferenças, artistas e obras

Ambas fases propunham aproximar o observador da arte, exigindo dele uma apuração mais cuidadosa de cada detalhe da obra.

Por Thais de Albuquerque - março 17, 2023
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O Cubismo é um dos estilos de arte visual mais influentes do mundo. Nasceu em Paris no início do século 20, durante um período de experimentações dos artistas Pablo Picasso e Georges Braque. O movimento revolucionou a história da arte, abrindo as portas para a linguagem moderna, além de influenciar as esculturas, a arquitetura e a literatura, entre outras disciplinas. Neste texto falaremos sobre suas duas principais fases: o cubismo analítico e o sintético.

Abstração das formas, novas perspectivas e rompimento com a realidade são conceitos cubistas, oferecendo ao observador uma experiência mais complexa diante da arte ao criar ilusões de profundidade, vista por diferentes perspectivas, dentro de um mesmo espaço.


O início

Quando Picasso viu a arte africana, em 1907, em visita ao museu etnográfico em Paris, percebeu uma linguagem diferente das tradições européias que buscavam a reprodução fiel da realidade. Era o início do período africano de Picasso, que começava a desconstruir e distorcer as formas, mas ainda com imagens figurativas perceptíveis.

Cubismo analítico e sintético; Les Demoiselles dAvignon-1907-Pablo Picasso.
“Les Demoiselles d’Avignon”, 1907, de Pablo Picasso. Créditos: WikiArt.

Braque, que navegava pelo fauvismo com suas pinturas policromáticas de paisagens estilizadas e marinhas, brincava com perspectivas e agregava formas geométricas às suas obras.

Cubismo analítico e sintético; FOTO 2: "Viaduct at L'Estaque", 1908, de Georges Braque. Créditos: WikiArt.
“Viaduct at L’Estaque”, 1908, Georges Braque. Créditos: WikiArt.

Quando Picasso apresentou a Braque sua obra Les Demoiselles d’Avignon, o trabalho colaborativo entre os dois começou. O mergulho nesse quadro e a criação de novas peças marca o início do cubismo.

Importante pontuar também o papel de Paul Cézanne nesta fase. “É o pai de todos nós”, comentava Picasso sobre Cézanne, que também apresentava em suas obras figuras geométricas e a fuga de planos e perspectivas perfeitas

Cubismo analítico e sintético; FOTO 3: “Mont Sainte-Victoire”, Paul Cézanne, 1904-1906. Créditos: WikiArt.
“Mont Sainte-Victoire”, Paul Cézanne, 1904-1906. Créditos: WikiArt.

Cubismo Analítico

É oficialmente a primeira fase do cubismo, entre os anos 1908 e 1912. Suas principais características são planos entrelaçados e formas geométricas e fragmentadas. O uso de tons neutros – preto, branco, cinza e ocre – tinha a finalidade de ocupar a atenção do observador com a estrutura e a densidade da obra.

Durante dois anos, Picasso e Braque trabalharam juntos, sem que nenhum dos artistas pronunciasse uma obra acabada até o acordo do outro. A sincronia entre eles era tamanha que pode ser desafiador distinguir a autoria dos quadros.

Cubismo analítico e sintético; FOTO 4: “Still Life with a Bottle of Rum”, Pablo Picasso, 1911. Créditos: WikiArt.
“Still Life with a Bottle of Rum”, Pablo Picasso, 1911. Créditos: WikiArt.
Cubismo analítico e sintético; FOTO 5: “Still Life with Metronome”, Georges Braque, 1909. Créditos: WikiArt.
“Still Life with Metronome”, Georges Braque, 1909. Créditos: WikiArt.

Nesta fase, o pintor espanhol Juan Gris, considerado também vanguardista, adere ao movimento, contribuindo de forma relevante com o cubismo.

FOTO 6:“Portrait of Picasso” Juan Gris, 1912. Créditos: WikiArt.
“Portrait of Picasso”, Juan Gris, 1912. Créditos: WikiArt.

Cubismo Sintético

Nessa fase, entre os anos 1912 e 1914, novas paletas de cores são adicionadas e as formas são simplificadas.

Picasso, Braques, Gris e outros artistas passaram a explorar materiais não artísticos como signos abstratos, surgindo a técnica da colagem a fim de trazer diferentes texturas aos quadros.

O uso de recortes de jornais mostra a preocupação dos artistas com os eventos que aconteciam pela Europa, especialmente, a Primeira Guerra Mundial.

  • Arteref_7_ La guitare-Pablo Picasso-1913
  • Arteref_8_Violin and Newspaper Musical Forms-Georges Braque - 1913
  • Arteref_9_Glass, Cup and Newspaper-Juan Gris - 1913

Diferenças entre o cubismo analítico e sintético

Se o cubismo analítico buscava desfragmentar um objeto a partir de diferentes pontos de vista; o cubismo sintético tratava de achatar a imagem e varrer os últimos traços do espaço tridimensional.

Ambas fases propunham aproximar o observador da arte, exigindo dele uma apuração mais cuidadosa de cada detalhe da obra. O convite para a experiência de passear pela obra por diferentes ângulos levaria sua percepção para um novo lugar, mais reflexivo e participativo.


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Por que “cubismo”?

O nome surgiu em 1908, com o crítico Louis Vauxcelles, ao descrever pinturas exibidas em Paris por Georges Braque. É uma referência feita a “esquemas geométricos e cubos”, como se as obras fossem feitas de “cubinhos”.


Influências

Em 1914, a Primeira Guerra Mundial interrompeu o movimento organizado, com muitos artistas convocados para as batalhas. Mas o recado estava dado e mesmo com Picasso e Braques desenvolvendo seus trabalhos individualmente, por vezes resgatando seus antigos estilos, os conceitos libertadores iniciados pelo cubismo tiveram consequências de longo alcance.

FOTO 10: “Musicians With Masks”, Pablo Picasso - 1921.Créditos: WikiArt.
“Musicians With Masks”, Pablo Picasso – 1921. Créditos: WikiArt.

O cubismo influenciou movimentos artísticos como o dadaísmo, o surrealismo, o futurismo, o construtivismo, o expressionismo abstrato, bem como todos os artistas que buscavam a abstração na Alemanha, Holanda, Itália, Inglaterra, América e Rússia.

O cubismo também inspirou novas linguagens na arquitetura, a literatura, a música, a fotografia, o cinema, o design gráfico e o design cênico.


Cubismo no Brasil

Tarsila do Amaral, Rego Monteiro, Di Cavalcanti e Anita Malfatti são artistas influenciados pelo cubismo, que surgiu no Brasil após a Semana de Arte Moderna de 1922.

FOTO 11: “São Paulo”, Tarsila do Amaral - 1924.Créditos: WikiArt.
“São Paulo”, Tarsila do Amaral – 1924. Créditos: WikiArt.

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