Alemanha devolve fóssil de dinossauro levado ilegalmente do Brasil
Após quase 30 anos, Brasil recupera fóssil do dinossauro Ubirajara jubatus, que estava em posse da Alemanha
O fóssil de dinossauro descoberto no Ceará que foi levado ilegalmente do Brasil em 1995 rendeu uma enorme batalha internacional que já dura 28 anos. A relíquia estava em posse do Museu de História Natural de Karlsruhe, no estado de Baden-Württemberg, na Alemanha, que se recusava a repatriá-la.
Impasse sobre fóssil de dinossauro gerou polêmica nas redes sociais
Em julho do ano passado, após uma intensa campanha promovida durante meses nas redes sociais, usando a #UbirajaraBelongstoBR (Ubirajara pertence ao Brasil), a então ministra da Ciência alemã, Theresia Bauer, chegou a manifestar que o fóssil seria devolvido. No entanto, na época, nada se sabia sobre data de retorno nem para qual instituição brasileira o item seria encaminhado.
“Ao contrário de alguns meses atrás, Baden-Württemberg agora considera ilegal a aquisição dos restos fossilizados do período cretáceo e quer devolvê-los ao Brasil”, teria dito Bauer, segundo uma publicação feita pela paleontóloga e professora Aline Ghilardi, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), criadora da campanha no Twitter.
De acordo com a pesquisadora, casos de tráfico de fósseis são discutidos frequentemente, mas esse foi o que mais chamou sua atenção.
Entenda o caso
- Descoberto na região da Bacia do Araripe, interior do Ceará, o fóssil da espécie Ubirajara jubatus, é datado do período Cretáceo e viveu há cerca de 110 e 115 milhões de anos;
- Trata-se da primeira espécie não aviária de dinossauro encontrada com penas preservadas na América Latina;
- Segundo relataram à Folha de S. Paulo os autores do estudo que descreve a espécie, o fóssil foi retirado do Brasil em 1995, com autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral, órgão que não existe mais;
- A Sociedade Brasileira de Paleontologia garante que o documento que autorizou a exportação do fóssil era genérico e teria sido assinado por um funcionário criminoso, condenado por fraudar laudos para extração de esmeraldas;
- Por essa razão, a entidade questiona a validade do documento;
- Soma-se a isso a Convenção da Unesco sobre Medidas para Proibir e Prevenir a Importação, Exportação e Transferência Inadmissível de Propriedade de Bens Culturais, documento de 1973;
- Em sua defesa, o museu alemão argumentou que o país estabeleceu uma lei, em 2016, que legaliza todo material levado para lá antes de 26 de abril de 2007;
- Diante da situação, a comunidade científica e a mobilização popular do Brasil se empenharam em mudar a decisão, solicitando medidas da embaixada brasileira na Alemanha para que o fóssil fosse repatriado.
Para onde vai o fóssil do dinossauro Ubirajara
Na última semana, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) anunciou que as tratativas entre Alemanha e Brasil foram concluídas a nosso favor, e que a peça chega em junho, para fazer parte do acervo do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, no Ceará.
Obras em Destaque
“Isso representa uma mensagem importante contra o colonialismo da ciência no século XXI e abre um forte precedente para que mais fósseis voltem aos seus países de origem.” comentou Aline Ghilardi, paleontóloga da UFRN.
Para o reitor da Universidade Regional do Cariri, Francisco do O’ de Lima Júnior, agora é um momento oportuno para a volta do fóssil Ubirajara. “Teremos a revalidação do Geoparque do Araripe, e a repatriação fortalece a missão de valor e preservação do nosso trabalho”.
Com informações de “Olhar Digital”.
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