Vivenciar a arte contemporânea nos espaços urbanos é uma forma de experimentar novas sensações, criar ou redescobrir novos sentidos da nossa própria existência, mas é preciso “mergulhar”, depois de ouvir o “canto”, e coisas incríveis acontecerão nessa imersão.
Um novo ano iniciou-se assim para mim: imersa em novos olhares, no momento em que fotografei e encantei-me com uma instalação do artista Franz Cerami, embaixador do design italiano no mundo. Foi uma noite mágica! Eu estava diante de imagens em movimento, projetadas em um histórico castelo medieval que emerge do mar, “Castel dell’Ovo”,repleto de lendas e poéticas magicas.
Era uma atmosfera onírica, com luzes surreais que encantaram minha alma nesses tempos sombrios que estamos vivendo; uma noite de fantasia de múltiplas percepções.
Intitulada “Scaramantica” (Superstisciosa), a instalação de Cerami, transmite um profundo senso de liberdade, de uma sublime ausência de limites que transcende todas as noções das outras artes estruturadas. Alguns o chamam de “Mago da Luz”, e eu concordo. Uma luz polissêmica, que além de iluminar, emana vozes como aquela das sereias que encantam e te fazem mergulhar em profundezas que viajam para o infinito.
No entanto, para essa instalação, preferiria compará-lo a algum ser que se assemelhe mais a uma entidade marinha, uma espécie de Tritão da mitologia grega, acalmando a tempestade psíquica.
Esse artista narra os mitos da sua cidade de uma forma lúdica através de arquétipos, lendas e superstições. Algo de sacro e profano. Reinventa novos símbolos culturais, ultrapassando o senso comum e transportando-nos para dimensões em que são permitidas possibilidades de unir interioridades. Depois as projeta, ressignificando espaços, tornando-os, assim, mágicos com o seu jogo de formas, cores, sensações e emoções que não se enquadram em concepções.
Suas instalações de arte contemporânea aguçam minha mente porque as vejo como um novo paradigma muito íntimo com o conceito antropológico, pois aquilo que interpreto, se mescla com meu imaginário cultural, ativando códigos semióticos singulares multiexpressivos.
Essa sua exibição mais recente, indubitavelmente, deixou múltiplas sensações em que a própria mente tenta dar continuidade, como se fosse um sonho em que as imagens continuam a surgirem de olhos fechados. Reiterando o sublime o poder da arte e da genialidade.
O artista italiano nasceu em Nápoles, local que atualmente vive, em 1963 e desde 2011, ensina Retórica e Digital “Storytelling” do Patrimônio Cultural na l’Università Suor Orsola Benincasa di Napoli.
Em 1994, Franz Cerami foi apontado como o diretor do Corto Circuito, um curto festival de comunicação visual. De 1997 a 2000, foi diretor artístico do Festival Monumedia Multimídia e Patrimônio cultural de Nápoles – um evento que reúne o audiovisual com a Herança Cultural em Nápoles. Atualmente foi nominado embaixador do design italiano no mundo pelo Ministério das Relações Exteriores.
A arte de Cerami é o ponto de encontro da tecnologia digital e da pintura manual. Cerami, desenha as fotografias da Instalação com óleo e grafite, leva o trabalho de volta ao papel, um elemento a partir do qual a ideia nasceu e evoluiu através de linguagens e tecnologias digitais e depois voltou ao seu estado natural mais rico e complexo.
Franz Cerami |Instagram: @franzcerami | Facebook: Franz Cerami
Karina Zimerer Mendes é antropóloga e fotógrafa brasileira que mora na Itália há 7 anos e trabalhou em muitos países como fotógrafa. Atualmente faz parte de diversos projetos fotográficos, com publicações fotográficas em revistas italianas.
Instagram: @kzimerer | @karinazimerer_photography
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