Opinião

Jim Dine no Il Palazzo delle Esposizioni


Um dos grandes protagonistas da arte americana, Jim Dine (1935, Cincinnati, Ohio) teve sua obra exposta no Il Palazzo delle Esposizioni em Roma, numa ampla mostra antológica reunindo 60 obras datadas de 1959 a 2016, provenientes de coleções públicas e privadas da Europa e dos Estados Unidos.

Sua obra criou grande impacto na cultura visual contemporânea especialmente na italiana dos nos 60, pela sua incursão radical e inovadora. Um detalhado levantamento iconográfico foi dedicado à memória de seus célebres happenings, contados pela própria voz de Jim Dine além de uma seleção de vídeos entrevistas, permitindo ao visitante uma visão multifacetada do artista.

Apesar de sua grande popularidade, Jim Dine nunca desejou ser catalogado como tendência ou algo similar, em virtude de sua independência e do seu desprezo em identificar-se em categorias impostas tanto pela crítica como pela história da arte ou pelo mercado. A sua autonomia e liberdade são exemplares, se relacionando com o panorama dos valores consagrados com destaque. A sua posição pode ser observada em sua linha biográfica com seus trabalhos tenazmente aderentes às experiências vividas, radicalmente inquietantes.

Jim Dine | A Thin Kindergarten Picture, 1974. Centre Pompidou

Um núcleo importante que esteve presente na mostra é constituído de obras que o artista doou ao Museu Nacional de Arte Moderna – Centro Georges Pompidou de Paris, estrategicamente posicionadas para uma ampla apreciação no belíssimo espaço. 

Os empréstimos das obras históricas provenientes das coleções europeias privadas e públicas também foram importantes, entre os quais estão o Museu Ca’Pesaro de Veneza e o MART, Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Trento e Rovereto, o Louisiana Museum of Art de Humlebaeck na Dinamarca e o Kunstmusuem Liechtenstein em Vaduz.

Da seleção de obras provenientes dos Estados Unidos, se destacam duas pinturas dos anos 60, “A Black Shavel Number2” (1962) e “Long Island Landscape” (1963) pertencentes às coleções do Whitney Museum de Nova York. Das coleções americanas chegaram também “Shoe” de 1961 e “The Studio” (landscape painting) de 1963, apresentado pelo artista na Bienal de Veneza de 1964.

Jim Dine | Long Island Landscape, 1963

Jim Dine é associado a Pop Art, ao Expressionismo Abstrato e também Neo Dada, mas foi em 1962 que sua obra foi incluída juntamente com Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Robert Dawd, Phillip Heffertom, Joe Goode, Edward Ruscha e Wayne Thiebaud na importante mostra “Nova Pintura de Objetos Comuns” com curadoria de Walter Hopps, no Simon Museum Norton.

Os seus happenings marcaram época, sendo pioneiro ao lado de artistas como Claes Oldenburg, Allan Kaprow e o músico John Cage no incremento da linguagem performática em confronto com os expressionistas nova-iorquinos. Além disso, o artista é representado pela Richard Gallery em Chicago e Nova York.

Em 16 de maio de 2008, Dine apresentou uma estátua de 9 metros de altura em bronze representando Pinocchio, denominado “Caminhando para Borás”, cidade localizada na Suécia. Anteriormente, participou na realização de um livro com pinturas e esculturas enfocando Pinocchio.

Jim Dine | Pinocchio, 2008

Dine é, antes de tudo, um grande inovador da pintura, tendo desde o início unido objetos usuais que são típicos do cotidiano, captando do amago das peças imagens novas, reveladoras e estranhas, sendo portanto um autor dificilmente classificável.

Para mais, ele manteve distância dos principais interpretes da Pop Art, fenômeno banalizado pela cultura de massa. Em certa ocasião disse: “I cannot paint about nothing. I cannot make work about nothing. I would be lost if all I had was an empty room” ( Não posso pintar sobre nada. Não posso criar uma obra de arte sobre nada. Estaria perdido se tudo o que eu tivesse fosse uma sala vazia).

O Palácio das Exposições (Il Palazzo delle Esposizioni) localizado na Via Nazionale, 194, no centro da capital italiana, ocupa uma área com mais de 10.000 m2, inaugurado em 1883, tendo sido concebido pelo arquiteto Pio Piacentini, que tinha como moto “sit quod vis simplex et una” exemplo de neoclassicismo, tendência da época, mas que se adapta perfeitamente para as incursões mais avassaladoras da arte atual.


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José Henrique Fabre Rolim

Jornalista, curador, pesquisador, artista plástico e crítico de arte, formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Unisantos (Universidade Católica de Santos), atuou por 15 anos no jornal A Tribuna de Santos na área das visuais, atualmente é presidente da APCA (Associação Paulista de Críticos de Artes), colunista do DCI com matérias publicadas em diversos catálogos de arte e publicações como Módulo, Arte Vetrina (Turim-Itália), Arte em São Paulo, Cadernos de Crítica, Nuevas de España, Revista da APCA e Dasartes.

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