O autorretrato é uma forma antiga de representação imagética, presente já no antigo Egito. Desde então, muitos dos antigos mestres, assim como artistas modernos, reproduziram sua própria imagem em uma variedade de mídias por diversos motivos, sejam eles artísticos, comerciais ou de autopromoção.
A história da arte testemunhou vários exemplos de artistas que executaram o seu autorretrato de forma repetitiva, às vezes por razões emocionais.
Exemplos recentes desse tipo de pintura incluem obras do pós-impressionista Vincent Van Gogh (1853 – 1890), do desenhista expressionista alemão Egon Schiele (1890 – 1918) e da pintora mexicana Frida Kahlo (1907 – 54).
Os curadores encontraram alguns restos de autorretratos concluídos durante a Antiguidade, na arte egípcia, grega antiga ou romana.
Isso se deve, em partes, porque apenas um pequeno número de pinturas sobreviveu e devido à falta de evidências sobre os artistas individuais envolvidos. Esculturas, sendo mais duráveis do que pinturas de parede ou painel, sobreviveram em maior número.
Os primeiros autorretratos esculpidos em pedra são datados em 1365 a.C. por Bak, o escultor chefe do faraó egípcio Akhenaton. Bak além de executar o retrato do faraó Akhenaton (c.1364 a.C.), pode ser responsável pelo busto de Nefertiti (c.1350 a.C.).
Os registros também sugerem que o escultor da Grécia Antiga, Phidias, inseriu uma imagem de si mesmo no friso “Batalha das Amazonas”, no Partenon, em Atenas.
Provavelmente, um dos primeiros autorretratos sobreviventes que temos acesso pertence ao pintor flamengo, Jan Van Eyck (1390 – 1441).
A obra denomina-se Man in a Red Turban (Homem em um Turbante Vermelho); entretanto, não temos certeza. Ou trata-se de um autorretrato, ou de uma ilustração qualquer do autor.
Além disso, ele também pintou The Arnolfini Portrait (O casal Arnolfini), onde, supostamente, o noivo é modelado em si mesmo. Pelas semelhanças físicas, as duas obras aparentam retratar o mesmo homem.
Nessa mesma época, Jean Fouquet, importante pintor francês, mestre na criação de painéis e iluminuras, realizou a primeira miniatura de retrato e, possivelmente, o primeiro autorretrato formal.
Durante a Renascença alemã, o pintor e gravurista de Nuremberg Albrecht Durer também produziu autorretratos, completando mais de doze pinturas e desenhos de si mesmo, em prata, guache, óleos e xilogravura.
Pintores italianos, durante a Renascença, tendiam a evitar a produção de autorretratos formais; mas, frequentemente, inseriam imagens de si mesmos em suas pinturas.
O artista Masaccio aparece como apóstolo em seus afrescos da Capela Brancacci; Piero della Francesca se insere como soldado no mural religioso sobre a ressurreição de cristo e Michelangelo usou seu próprio rosto ao pintar São Bartolomeu no afresco do Juízo Final na Capela Sistina.
Temos diversos outros exemplos, alguns, inclusive, mais polêmicos quanto a veracidade: Rafael incluiu-se entre os personagens da Escola de Atenas, Botticelli usou uma imagem de si mesmo em sua Adoração dos Magos, acredita-se que o artista veneziano Ticiano retratou-se, bem como seu filho e um jovem primo em sua Alegoria da Prudência.
Nesse período tivemos um grande impulso nas produções artísticas. Dentre os motivos: o crescente poder comercial europeu e o patrocínio das artes visuais pela Igreja Católica, de modo a aumentar sua influência durante a Contrarreforma.
Além disso, tem-se o início da pintura de cavalete e o uso generalizado de óleos sobre tela. Com isso, os retratos de todos os tipos — incluindo os da família, amigos, grupos e sobre si mesmo — tornaram-se mais comuns.
Como grandes representantes desse contexto e estilo de pintura temos o maneirista El Greco, e artistas barrocos como os espanhóis Velazquez e Zurbaran, o acadêmico francês pintor Nicolas Poussin e o gênio holandês Rembrandt — que executou mais de 40 autorretratos, muito usados tanto para treinar alunos quanto para servir de base para personagens em seus trabalhos maiores.
Os dois autorretratos mais caros vendidos em leilão são: Retrato do Artista Sem Barba (1889), de Van Gogh, vendido na Christie’s, em 1998, por 71,5 milhões de dólares e Seis autorretratos (1986), de Andy Warhol, vendido na Sotheby’s New York, em 2014, por 26,7 milhões de dólares.
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