O mestre moderno e meditativo: Mark Rothko
O pintor Mark Rothko acreditava que o entendimento da arte é muito individual e somente pela observação meditativa é possível captar a realidade e a beleza que a definem. Para ele, a pintura não precisa de explicações, pois fala por si. Para ele, bastava o silêncio na contemplação da obra.
Pessoas que conviveram com Rothko descrevem-no um homem muito introspectivo e intelectual. Amava música, literatura e mitologia grega, além de interessar-se por filosofia. E todas essas áreas influenciaram de algum modo sua arte. Era inteligente, mas possuía um temperamento difícil. Apesar disso, dizem, o pintor conseguia ser muito afetuoso. Rothko nasceu na Rússia em 1903 e foi naturalizado estadunidense, depois que se mudou com a família para a América. Formou-se pela Universidade Yale e, em 1929, tornou-se professor de desenho para crianças. Já na década de 30, fundou o Artist Union de Nova York, iniciando sua carreira artística.
Ele é um dos principais nomes do Expressionismo Abstrato (ou simplesmente Escola de Nova York), ao lado de pintores como Jackson Pollock. Apesar de Rothko rejeitar o termo “Expressionismo Abstrato”, ele faz parte do grupo de artistas que se desenvolveu a partir da década de 40, na cidade de Nova York. O estilo trouxe a arte americana ao cenário artístico mundial.
A Escola de Nova York desenvolveu uma pintura que se reduz aos elementos essenciais, dando ênfase às cores e formas. Os pintores não construíam uma imagem de seus sentimentos, tampouco retratavam suas emoções, mas sim faziam um registro pictórico da própria ação de se expressar. A Escola sofreu grande influência de Wassily Kandinsky (1866–1944), artista russo que introduziu a abstração na arte visual. Arshile Gorky, Willem de Kooning e Adolph Gottlieb foram outros nomes do movimento. Mesmo com o estilo em comum, cada um seguiu com uma própria identidade. Mas, em todos, observa-se uma paleta agressiva em cores e formas subjetivas que preenchem toda a superfície da tela.
Mark Rothko sai do anonimato quando, em 1950, o colecionador Duncan Philips compra vários de seus quadros. O artista vê sua carreira avançar. Começa um período de intensa produção por encomenda, desde colecionadores até os mais conceituados restaurantes em Manhattan.
Obras em Destaque
Depois de experimentar muitas linguagens, Rothko adquiriu uma relação madura com as cores, alternando contrastes e sutis variações cromáticas. Para ele, as cores representam todas as emoções e todas as idéias, como revela em seu livro “A Realidade do Artista”, publicado em 2004 por sua família. Trata-se de um manuscrito que reúne suas impressões artísticas e filosóficas, com temas como o impacto das cores no estímulo da expressão, o impacto que o espiritual possui na busca pelo belo, entre outras divagações.
Rothko desenvolveu sua arte de modo um tanto introspectivo. Afirmava que os observadores de seus quadros não poderiam ser perturbados por outras distrações, ou não entenderiam o conceito. Queria comunicar com o observador e compartilhar seu arrebatamento no processo de criação. Queria provocar uma espécie de extensão da sua própria experiência.
O artista não reduz suas obras a um conceito puramente estético, como acontece na arte minimalista (surgida na década de 50), mas as define como sendo profundamente espirituais. Os artistas minimalistas – movimento que se origina em oposição ao Expressionismo Abstrato – afirmam explicitamente que sua arte não é uma ação expressiva, é apenas estética. Não há o apelo sentimental, espiritual ou um significado. Uma completa oposição à identidade artística de Rothko, que não conseguia atribuir à arte tal existência neutra e objetiva.
Rothko foi muito influenciado por Nietzsche, que afirmava que “somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo”. O pintor era perspicaz em enxergar e identificar certos aspectos do mundo. Ele acreditava que a arte abstrata refletia todo o drama interior do ser humano. Penso que Rothko sentia a gravidade das coisas. E por isso sofria. Sua obra era o resultado de todos os sentimentos que vinham à tona quando absorto em seus particulares processos mentais. A arte de Rothko é exigente. Observá-la é conhecer uma forma mais abrangente de se entender a arte e o próprio artista.
Rothko afirmou ser o silêncio o detalhe mais acertado de suas obras. Seu quadro intitulado “White Center (Yellow, Pink & Lavender)” – “Centro Branco (Amarelo, Rosa e Alfazema)” tornou-se, em 2007, a mais cara obra de arte contemporânea vendida em leilão. Ela foi arrematada por US$ 72,8 milhões (cerca de R$ 138 milhões). Mark Rothko suicidou-se em 1970.
Via: Obvious
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