O Rococó italiano e as vedute
Giovanni Antonio PELLEGRINI, Giovanni Battista PITTONI e Giovanni Battista PIAZZETTA se destacam entre os artistas italianos do período.
Na Itália, durante o século XVIII, os elementos rebuscados e decorativos do estilo Rococó atraíram a aristocracia e os artistas se aproximaram do estilo mais íntimo e delicado desenvolvido na França, tomando o gosto pela pintura de paisagens.
Giovanni Antonio PELLEGRINI (1675-1741), Giovanni Battista PITTONI (1687-1767) e Giovanni Battista PIAZZETTA (1682/3-1754) se destacam entre os artistas italianos do período.
Também se distinguem entre os grandes pintores paisagistas do período, em especial com as numerosas vistas[1] dos canais de Veneza, os venezianos Giovanni Antonio Canal (1697-1768), conhecido por CANALETTO e Francesco Lazzaro GUARDI (1712-1793).
Giovanni Battista PIAZZETTA (1682/3-1754)
O estilo do pintor e ilustrador Giovanni Battista Piazzetta evoluiu do estilo Barroco para o novo estilo repleto de graça e delicadeza praticado pelo colega veneziano: Giovanni Battista TIEPOLO[2].
A maioria de suas obras se divide entre composições em afresco nos tetos das igrejas italianas, pequenos quadros religiosos e inúmeros desenhos e pinturas no estilo Rococó pastoral.
Obras em Destaque
Em 1727, Piazzetta foi eleito membro da Accademia Clementina di Bologna[3] e em 1750 eleito diretor e professor de desenho na Accademia di Veneza[4].
Giz preto realçado com o branco sobre papel azul era o meio preferido no desenho e as cenas de gênero com figuras da classe média seu assunto constante.
Melancólico, Piazzetta transportou o sentimento constante de solidão para seus desenhos.
Giovanni Antonio Canal, conhecido por CANALETTO (1697-1768)
Filho de Bernardo Canal (1664-1744), um pintor de cenas teatrais, Canaletto trabalhou com ele no início do século XVIII tanto em Veneza como Roma pintando cenas para as óperas italianas. Sabe-se que a partir da década de vinte, Canaletto partiu para as pinturas topográficas levando o conhecimento sobre a perspectiva teatral e a técnica fluida da aguada, combinando a realidade da arquitetura veneziana com a fantasia e a consciência sobre a luz solar e seus efeitos junto às nuvens, água e edifícios.
A partir de 1730, com a grande procura pelas vistas, Canaletto se viu às voltas na invenção e utilização de mecanismos e técnicas mais eficazes, que o tornou único nesse tipo de produção artística.
Quando a venda das vedute de Veneza diminuiu, Canaletto expandiu o assunto para Roma e às margens do rio Brenta[5], arranjando os elementos arquitetônicos com a paisagem –denominados de capriccios – enquanto alguns cenários se tornaram totalmente inventados e fantasiosos – veduta ideata – a paisagem idealizada.
Na Inglaterra por volta de 1746, Canaletto produziu uma série de vedute sobre a arquitetura e paisagem de Londres até 1755.
No entanto, apesar da enorme reputação internacional, somente em 1763 Canaletto foi eleito para a Accademia di Veneza.
Canaletto apresenta o centro comercial de Veneza. Localizado perto da Ponte Rialto, o edifício ao fundo com inúmeras chaminés e arcadas ao nível das águas é o Fondaco dei Tedeschi, sede e alojamento dos comerciantes alemães da cidade. À direita está a base da Ponte Rialto e adjacente a ponte localiza-se o Palazzo dei Camerlenghi, de construção renascentista. À esquerda, os edifícios cor de rosa e os espaços na frente abrigavam frutas e mercados de peixe.
Além das vistas reais, Canaletto também pintou as imaginárias (chamadas de vedute ideate). Muitas datam do início da década de 1740, quando visitou Veneza continental com seu sobrinho Bernardo BELLOTTO (1722-1780), que também se destacou na pintura de vistas.
A originalidade dessas imagens — reside no design abstrato, qualidade da luz e combinação de edifícios. Ao contrário das visões convencionais de Canaletto, na paisagem marinha nenhuma das igrejas, colunas ou outras estruturas são identificáveis. (THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART, Nova York, EUA. Tradução nossa[6])
Canaletto representa alguns detalhes arquitetônicos pré-existentes sobre cena e paisagem fantasiosas. O assunto faz parte da série capriccios, quando os elementos são arranjados de acordo com os desejos encomendados e da imaginação do próprio artista.
REFERÊNCIAS
GOMBRICH, E. H. A História da Arte. Tradução Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: LTC, 2000. 714 p.
JANSON H. W. História da Arte. Tradução J.A. Ferreira de Almeida; Maria Manuela Rocheta Santos. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 823 p.
NATIONAL GALLERY OF ART, Washington D.C., EUA. Disponível em https://www.nga.gov/collection/art-object-page.47180.html Acesso em 15 abr. 2020.
THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART, Nova York, EUA. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/438117 Acesso em 15 abr. 2020
THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART, Nova York, EUA. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/335571 Acesso em 15 abr. 2020
THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART, Nova York, EUA. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/438105 Acesso em: 15 abr. 2020.
THE METROPOLITAN MUSEUM OF ART, Nova York, EUA. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/438100 Acesso em: 15 abr. 2020.
[1] Chamadas de vedute pelos italianos, as vistas de paisagens urbanas produzidas em pinturas ou desenhos eram ricamente trabalhadas em ampla perspectiva para dar a impressão de realidade e uma visão romântica do local.
[2] O maior pintor representante do período final do Barroco e início do Rococó é Giovanni Battista TIEPOLO (1696-1770). Veneziano de nascimento e formação, suas obras anteriormente executadas dentro da herança clássico-Barroca se tornaram ao longo do tempo impregnadas de graça e elegância, próprias do novo estilo francês – o Rococó da corte de Luís XV.
[3] Estabelecida em 1710 e aprovada pelo Papa Clemente XI em 1711, a Accademia Clementina teve seu nome alterado para Accademia dele scienze dell’Instituto di Bologna. Em 1796 foi fechada após a invasão de Napoleão Bonaparte (1769-1821) na Itália e reaberta com o nome de Accademia di Belle Arti di Bologna em 1802.
[4] A Accademia di Veneza foi fundada em 1750 com o intuito de desenvolver atividades didáticas e de restauro. O primeiro diretor foi o pintor Giovanni Battista PIAZZETTA (1682/3-1754). Quando Napoleão invadiu a Itália, muitas obras de arte foram confiscadas e levadas para a França. Durante a ocupação napoleônica a Escola de Arte e suas obras foram transferidas para o que é hoje o complexo que ocupa a Scuola Grande di Santa Maria della Carità. Em 1817 foi inaugurada como Gallerie dell’Accademia di Venezia, recebendo obras de igrejas e palácios, fechados ou destruídos durante o período napoleônico.
[5] A partir do século XVI, grandes villas foram construídas ao longo das margens do rio Brenta, uma área localizada entre Pádova e Veneza, denominada de Riviera del Brenta na época. A villa Pisani, villa Widmann-Foscari, villa Foscari e villa Contarini são algumas das mais conhecidas.
[6] In addition to actual views, Canaletto also painted imaginary ones (he called them vedute ideate). Many date to the early 1740s, when he visited mainland Venice with his nephew Bernardo Bellotto (1722–1780), who also excelled at view painting. The originality of these pictures—and this is one of the finest—resides in the abstract design, quality of light, and combination of buildings. Unlike in Canaletto’s conventional views, in this land- and seascape none of the churches, columns, or other structures are identifiable. The Metropolitan Museum of Art, Nova York, EUA. Disponível em: https://www.metmuseum.org/art/collection/search/438105 Acesso em: 15 abr. 2020.