Dossiê

Paulo Nenflidio, o artista que esculpe o invisível

Seus trabalhos se parecem com bichos, instrumentos musicais ou com máquinas de ficção científica.

Por Equipe Editorial - fevereiro 25, 2020
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Biografia

Paulo Nenflidio (23 de julho de 1976) nasce, vive e trabalha em São Bernardo no Campo, SP. É um artista sonoro formado em Artes Plásticas pela ECA — USP e em eletrônica pela ETEC Lauro Gomes.

Ele realiza uma pesquisa sobre arte e ciência, onde o invisível tem relação com questões da física, tais como: eletromagnetismo, propagação das ondas de rádio e produção energética. Sua vontade de compreender esses fenômenos se deu desde a época em que cursou ensino técnico em eletrônica.

“Apesar de conhecermos a teoria, as transformações são invisíveis aos nossos olhos. As obras, então, funcionam como uma espécie de magia que dá vida a essas transformações dos fenômenos físicos”, diz o artista em entrevista exclusiva para o Arteref. (Veja as obras abaixo)

Paulo Nenflidio
Paulo Nenflidio

Elas se dividem em:

  • Esculturas
  • instalações
  • objetos
  • instrumentos
  • desenhos

Elementos como, eletrônica, movimento, construção, invenção, aleatoriedade, física estão sempre presentes. Seus trabalhos se parecem com bichos, instrumentos musicais ou com máquinas de ficção científica.


Interpretando algumas obras de Paulo Nenflidio

Monjolofone (2010)

Monjolofone (2010)
220 × 120 × 60 cm 
Tubos e conexões de PVC, mangueiras, alumínio, água 

Monjolofone é uma máquina de música aleatória e automática movida à água. É composto de uma bomba d’água manual, um coletor e um reservatório de água, 12 torneiras, 12 monjolos e 12 placas de alumínio afinadas na escala temperada. Inicialmente a água encontra-se no coletor.

Para a máquina funcionar, bombeia-se a água do coletor para o reservatório. Abrem-se as torneiras das respectivas notas que se quer ouvir. Os cochos se enchem de água, pendem pelo peso, esvaziam e retornam a posição original percutindo as placas de alumínio. Pode-se controlar o tempo da percussão de cada uma das notas pela abertura das torneiras.

Quanto mais aberta, mais água jorra pela torneira e assim os cochos se enchem mais rapidamente, aumentando a velocidade das percussões. Se quiser uma música com andamento mais lento, basta reduzir a vazão de água das torneiras pelo fechamento dos registros.

https://www.youtube.com/watch?v=jMUHyK_e2mw

Decabráquido Radiofônico (2006)

Paulo Nenflidio; Decabráquido Radiofônico (2006) copy
150 × 170 × 50 cm 
Construção em madeiras e 10 rádios FM com visor digital

Decabráquido Radiofônico é um objeto com 10 braços com falantes. Possui um teclado com 10 teclas que quando tocadas acionam o som de 10 rádios independentes um do outro. Os rádios podem ser ajustados na sintonia e no volume. O som gerado sai pelos falantes instalados na extremidade dos braços criando uma polifonia como um órgão de tubos.

É um instrumento de teclas onde o som produzido depende das rádios locais. Desta forma, o objeto conecta-se ao lugar por meio das ondas de rádio. Torna audível o invisível.

https://www.youtube.com/watch?v=wZrx-1qqVMU

Lugares Sonoros (2005)

Paulo Nenflidio
100 × 40 × 30 cm (teclado) 
Teclado de Madeira, cabos de conexão, bobinas eletromagnéticas e circuitos eletrônicos 
Acervo da Coleção de Arte da Cidade — Centro Cultural São Paulo 

Lugares Sonoros é a ação de percutir fisicamente os objetos ou estruturas encontradas nos lugares através de um teclado (Teclado Decafônico Concreto) feito de madeira portátil, no qual se conectam martelos através de cabos elétricos. Os martelos podem ser fixados facilmente a qualquer matéria que possa ser percutida. O resultado sonoro dependerá do lugar onde o trabalho for instalado. No total são 10 martelos. A ideia deste é transformar o lugar ou objetos encontrados no ambiente em matéria sonora.

O lugar passa a fazer parte de um instrumento musical. Também existe intenção de produzir sons percussivos espacializados. O Teclado Decafônico Concreto permite ao executante tocar pontos distantes sem se movimentar. Serve como interface que conecta o homem ao lugar por meio do som.

https://www.youtube.com/watch?v=VAfpU4kAz8k

Música dos Ventos (2003)

Música dos Ventos (2003)
250 × 150 × 170 cm 
Cata-ventos eletrônicos, transmissor e receptor de radiofrequência, circuito eletrônico demultiplexador, mecanismos percussores, cordas e amplificador
Coleção do artista

Música dos Ventos é uma instalação sonora que transforma os ventos em música.

Quatro cata-ventos transformam a força mecânica dos ventos em uma sequência de pulsos elétricos digitais. A cada volta completa da hélice do cata-vento é gerado um pulso. O sinal gerado pelos quatro cata-ventos é transmitido por ondas de rádio. Este sinal é captado por um receptor de rádio e em seguida entra num circuito demultiplexador que combina o sinal dos quatro cata-ventos acionando um dos 15 mecanismos percussores que tocam as cordas. Quando começa a ventar todo o sistema entra em funcionamento criando uma melodia onde o padrão é estabelecido pelo vento.

A obra foi construída em 2003 com o apoio da Bolsa Pampulha — Museu de Arte da Pampulha e premiada em 2004 pelo 5° Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia — como trabalho realizado.

https://www.youtube.com/watch?v=mQplkUFE2fs

A principal busca de Paulo Nenflidio, seja relacionada ao som, à natureza ou à física, é o invisível.

Na obra Música dos Ventos (2003), o vento pela sua qualidade de força motora, de energia invisível, é convertido em música. No Monjolofone (2010), a transformação constante da energia invisível do público ao impulsionar a bomba d’água coloca a obra em funcionamento. Em algumas esculturas solares, a luz invisível é convertida em eletricidade. No Decabráquido Radiofônico (2006), o caos invisível das ondas eletromagnéticas radiofônicas, convertido em áudio como num piano de ruídos. Em Lugares Sonoros (2005), a sonoridade invisível adormecida na arquitetura é transformada em matéria sonora.


Premiações

  • 2013|Prêmio 6° Edição Funarte Marcantonio Vilaça — Brasil
  • 2012|Prêmio Aquisição no 64.º Salão Paranaense — MAC Curitiba — PR
  • 2011|Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça Artes Plásticas 2011/12 — Brasil||Prêmio IBRAM Art Rio 2011
  • 2006|Prêmio aquisição “34° Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto” Santo André SP 
  • 2005|Prêmio Aquisição “Programa Anual de Exposições” Centro Cultural São Paulo SP
  • 2004|Premiado com trabalho realizado “5° Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia” São Paulo SP

Exposições individuais

  • 2018|Pesos e Medidas — Galeria Baró — SP
  • 2017|4,33 metros – Galeria Baró – SP
  • 2014|“Escuta” Galeria A Gentil Carioca — RJ||“Horizonte Eólico” — Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
  • 2010|“Novos Inventos” Galeria A Gentil Carioca — RJ
  • 2009|“Gambiarras” ASU Museum Tempe AZ EUA
  • 2008|“Aranhas” Galpão Fortes Vilaça São Paulo SP||“Monocórdio Infinito” Museu de Arte Contemporânea Niterói RJ
  • 2007|“Autômatos Monocromáticos” Galeria A Gentil Carioca Rio de Janeiro RJ
  • 2006|“Protótipos” Galeria Fortes Vilaça São Paulo SP
  • 2005|“Engenhocas sonoras” Galeria A Gentil Carioca Rio de Janeiro RJ|“Lugares Sonoros (Teclado Decafônico Concreto)” Centro Cultural São Paulo SP

Outras realizações

Além de dezenas exposições coletivas, em 2003 participou da residência artística Bolsa Pampulha em Belo Horizonte tendo realizado a obra Música dos Ventos. Em 2009 realizou outra residência, agora no ASU Art Museum no Arizona tendo produzido uma individual nesse período. Participou da 7.ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul e da mostra Paralela 2010. Em 2017 participou da Bienal Internacional de Arte Contemporânea da América do Sul.


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