Artes Plásticas

SESC Consolação sedia festival internacional Eternal Tour

Por Equipe Editorial - setembro 5, 2012
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Evento transdisciplinar discute o sincretismo cultural e o status do turismo com programação gratuita que inclui mostra de artes visuais, música, palestras, performances, intervenções e caminhadas urbanas pela cidade. Conta com a participação de artistas internacionais e brasileiros. Abertura no dia 28 de agosto, terça-feira, às 19 horas

O SESC Consolação inaugura no dia 28 de agosto, terça-feira, o festival internacional Eternal Tour.

Organizado pela Profa. Dra. Donatella Bernardi em parceria com o SESC, o festival promove extensa programação cultural na unidade e no bairro paulistano da Consolação, que inclui mostra de artes visuais, música, palestras, performances, intervenção e passeios urbanos. A etapa paulistana do festival encerra sua itinerância internacional pela Itália, Suíça, Israel e Estados Unidos.

Eternal Tour

A iniciativa nasceu em Genebra, em 2007, a partir de uma proposta transdisciplinar de um grupo de artistas e pesquisadores, e vem sendo implementada através da organização de um festival desde 2008 em diversas localidades – Roma, 2008; Neuchâtel, Suíça, 2009; Jerusalém e Ramallah, Israel, 2010; de Nova York e Las Vegas, EUA, 2011; e Genebra, Suíça, abril de 2012 – onde o grupo estabelece parcerias com organizações e instituições locais para o desenvolvimento de atividades culturais, sociais e acadêmicas.

Para Donatella, esse festival é uma oportunidade para se expor à alteridade em um jogo inspirado pelo Grand Tour, a viagem das elites do norte da Europa para o sul entre os séculos XVII e XIX que propiciou o surgimento de uma cultura neoclássica homogeneizante. Retomando essa estratégia de deslocamento e suas consequências identitárias, o festival Eternal Tour dotou a prática turística de um conteúdo político por meio de um investimento intenso nos territórios físicos e imateriais.

Programação

É constituída de mais de vinte projetos de artes visuais, música, palestras, performances, intervenções e caminhadas urbanas e reúne mais de quarenta artistas e pensadores suíços, brasileiros e de outras nacionalidades. Tematizando o cosmopolitismo do século 21, a edição paulista trabalha igualmente em torno da antropofagia, da natureza e da beleza, da escravatura, do modernismo e do racismo. Diariamente haverá inserções de novas obras e performances que irão se agregando ao todo da exposição, que acontece no espaço de convivência da unidade, batizado de Sala Moebius.

 

Exposições:

Tripartide Reunited

Roberto Shwafaty desenvolve desde 2010 uma pesquisa sobre a fita de Moebius, uma figura matemática surgida em 1858 e que conheceu formalizações muito diferentes ao longo do tempo, no domínio da arte, da publicidade e do design. A forma migrou e se transformou, como os logotipos de Eternal Tour 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, todos eles interpretações diferentes da fita de Moebius. No Brasil, um deles é particularmente famoso: a obra concreta de Max Bill, Tripartite Unity [Unidade Tripartida], que ganhou o prêmio de escultura da primeira bienal de arte contemporânea de São Paulo, em 1951.

Sala Moebius. Convivência – Presença do artista no lançamento do projeto no dia 30/08, às 14h.

Sonhos Ansiosos Em Um Só Olho

Com esta série inédita de fotografias, o artista Cris Faria coloca em imagens, de maneira extremamente sutil, uma análise da herança cultural brasileira pelo prisma da antropologia: antropofagia, sociedade multicultural, modernismo, motivos tribais….

Sala Moebius. Convivência – Presença da artista no lançamento do projeto no dia 31/08, às 18h.

NA BORDA

Mostra de nove coletivos urbanos da cidade de São Paulo, que traz para o ambiente expositivo uma síntese de suas intervenções na cidade de São Paulo ao longo de três meses. A Unidade receberá também intervenções e bate-papos especialmente desenvolvidos para o local.

Sala Moebius. Convivência.

Figurinos e Adereços

Produção expositiva dos participantes do curso livre Figurinos e Adereços, de experimentação e prática nas áreas da visualidade teatral (cenografia, figurino e direção de arte). Durante o primeiro semestre de 2012 o grupo, orientado pela equipe multidisciplinar da Usina da Alegria Planetária, desenvolveu a ampliação dos conhecimentos ligados às artes e ao fazer teatral.

 

Sala de Leitura, 3º andar.

Palestras:

Agorafobi/Agorafobia/Agoraphobia
Anna Kindgren e Carina Gunnars desenvolveram durante três anos uma pesquisa de campo sobre o urbanismo de duas cidades: Estocolmo e São Paulo. Dela resultou uma publicação trilingue – sueco, português, inglês – lançada em 2011, que propõe uma análise, ao mesmo tempo sociológica e psicanalítica, dos efeitos das cidades sobre seus habitantes. O livro, nunca apresentado ao público brasileiro, permite abrir uma discussão sobre as mudanças recentes do tecido urbano de São Paulo, enriquecida por um olhar cruzado, graças ao caso de Estocolmo. O modernismo e sua possível evolução ligam essas duas cidades de uma maneira espantosa.

Artistas: Anna Kindgren e Carina Gunnars, em colaboração com Ivaneti de Araujo, Sheila Souza, André Kobashi, Eduardo Costa e Renato Cymbalista.

Dia 30 de agosto, sexta-feira, às 18 horas.

Sala Moebius. Convivência. Vagas Limitadas. Retirada de ingressos com 1h de antecedência no local.

Lixo Eletrônico: As Coisas Após Sua Vida Útil

O aperfeiçoamento constante dos equipamentos eletrônicos e sua comercialização ultrarrápida levam a consequente proliferação do material obsoleto, que é muitas vezes abandonado sem que se atente para seu teor tóxico e seu efeito sobre o meio ambiente e a população. Esse fenômeno é comumente chamado “e-lixo”. Os sucateiros, que coletam os produtos eletrônicos descartados após o uso, devem se adaptar constantemente. Gabrielle Oropallo, historiador do design especialmente interessado na durabilidade dos objetos, considera que os sucateiros brasileiros do “e-lixo” se distinguem dos colegas africanos ou asiáticos: organizam-se em movimentos e cooperativas e reivindicam sua dignidade para tentar reciclar os materiais eletrônicos obsoletos. Seus carrinhos, que empurram pelas ruas, tornaram-se um verdadeiro símbolo.

 

Dia 31 de agosto, sexta-feira, às 20 horas.

Sala Moebius. Convivência. Vagas limitadas. Retirada de ingressos com 1h de antecedência no local.

Multimídia:

LapTopRadio – Don’t Wait For Things to Happen

LapTopRadio é uma estrutura de difusão experimental, nômade e irregular: um laptop com acesso móvel à Internet permite realizar emissões e, ao mesmo tempo, continuar a se deslocar livremente. É também um projeto colaborativo e auto-organizado que propõe experimentos com base nas problemáticas formuladas por Félix Guattari no contexto do que ele chamava de “era pós-mídia”, que repousaria em redes de proximidade descentralizadas, nos novos meios tecnológicos de comunicação e em disposições subjetivas criativas. LapTopRadio será ativo em três níveis durante o festival Eternal Tour: O projeto Don’t wait for things to happen tenta desenhar um mapa da expressão política espontânea, referindo-se à longa e vasta tradição das canções políticas no Brasil. Visa Cobrir as atividades de Eternal Tour, as discussões, os workshops e as conferências. Essas gravações estarão disponíveis na Sala Moebius (Convivência) para todos que quiserem ouvir os eventos já realizados.

Artistas: Sophie Alphonso, Leila Amacker, Mara Krastina, Renaud Marchand, Ceel Mogami de Haas, Laurent Schmid e Seda Yildiz.

Sala Moebius. Convivência.

Baeed Annak e Faça-me Bela

Para o Festival, a artista franco-tunisiana Boutheyna Bouslama apresenta dois trabalhos: o primeiro, Baeed Annak (25 minutos), realizado no âmbito de Eternal Tour 2010 Jerusalém, evoca a impossibilidade, para certas pessoas do mundo árabe, entre elas a artista, de entrar em Jerusalém. Ressalta, assim, os limites do cosmopolitismo em certos contextos precisos. O segundo, Faça-me Bela, (2012/10 min) realizado para a edição paulista do festival Eternal Tour, opera um retorno ao corpo da artista. Ela interessou-se pela relação da mulher brasileira com o corpo e com a beleza, para melhor entender sua percepção de seu próprio corpo. A artista foi educada em um espírito que privilegiava a inteligência e o trabalho nas mulheres, e deixava o físico de lado. Contudo, em razão de uma doença tumoral e de duas operações pesadas, ela aprende a dar ao seu corpo uma atenção particular, não somente por meio de cuidados médicos, mas principalmente de cuidados estéticos.

Sala Moebius. Convivência. Presença da artista no lançamento do projeto no dia 30/08, às 15h.

Especial:

Camenzind goes to… / São Paulo e a Agência de Turismo de Conhecimento

Para o projeto Eternal Tour 2012, a Camenzind abrirá uma agência de turismo de conhecimento em São Paulo. Com base na sua experiência, pesquisa e reflexão, seus agentes acreditam em um entendimento mais amplo do termo “turismo”, que abranja novas correntes de produção do conhecimento e considere a importância do olhar do turista. Tendo em mente esse modo de produção, eles convidarão as pessoas a participar desse fenômeno, a questionar, criticar, rir e compartilhar seus pensamentos sobre essa forma. O Eternal Tourist pode deixar um impacto positivo, sustentável e ressoante? Quais são os seus benefícios – em termos de identidade, educação e herança? E como os dois lados podem ser associados – estrangeiro e local? O que o turista de conhecimento leva consigo de sua viagem internacional? E o que o turista de conhecimento está trazendo para suas visitas ou encontros com as pessoas do local?

Artista: William Davis.

Sala Moebius. Convivência.

Homenagem a Meret Oppenheim – Frühlingfest

A partir de uma performance que marcou o movimento surrealista (Frühlingfest, de Meret Oppenheim), vários artistas e pesquisadores colaboraram para criar este projeto inédito e carnavalesco, especialmente concebido para o contexto paulistano. Suscita questões como a antropofagia cultural brasileira, a questão da cor da pele e suas implicações políticas, nossa relação com a alimentação e a dialética entre crioulização e camuflagem.

Artistas: Angela Marzullo, Donatella Bernardi, Fabiana de Barros e Enrico Natale, em colaboração com Silva Belucci Lucchi.

Dia 28 de agosto, terça-feira, às 20 horas, na abertura do Festival.

Sala Moebius. Convivência.

Percatempo
Percatempo consiste em um carrinho catalisador de uma série de situações que é empurrado durante todos os dias do festival pelo centro da cidade de São Paulo. O veículo torna-se um objeto de apropriações e variações cotidianas ao sabor das coletas dos materiais. O projeto inspirou-se nos inúmeros carrinhos que podem ser vistos no contexto urbano paulista. O título Percatempo faz referência aos postos do “Poupa Tempo”, presentes na cidade inteira, e ainda a valores dominantes do capitalismo, onde o tempo é sempre comprimido e calculado em termos de rentabilidade. Nesse contexto, Percatempo é um dispositivo em torno do qual se sente prazer em perder tempo. Itinerante, nos arredores da unidade.

De 28 de agosto a 06 de setembro, a partir das 18 horas.

Sala Moebius. Convivência.

Siamo Tutti Beati

Iniciado em 2007 em Netuno, na região do Lácio, Siamo tutti beati, concebido por Donatella Bernardi e Beat Lippert, consistiu inicialmente em uma série de workshops nas zonas periféricas desfavorecidas. Proposta aos autóctones artistas (Netuno, 2007), a crianças (African Community Society, Jerusalém, 2012) ou a pleiteantes de asilo político (Centre EVAM, Bex, 2011), a iniciativa consistia em construir estruturas, obras ou peças de duração efêmera a partir de materiais de custo zero. Cada um desses processos era filmado e dava origem a uma série de microdocumentários. Em São Paulo, Beat Lippert, com esse cabedal de experiências sociais e metodológicas, integra-se ao projeto Percatempo, de maneira espontânea, mas também com o protocolo de construir uma escultura por dia. A técnica do snapshot tirado com seu telefone celular lhe permite documentar de maneira leve certos eventos do Festival Eternal Tour.

Sala Moebius Convivência.

Caminhadas Urbanas: Por Que São Paulo é Bela

Propõe através de um caminhar curioso pela cidade, estabelecer e estimular uma relação de observação da paisagem urbana, traçada pela história. O percurso escolhido se conecta ao Metrô, sendo os pontos de início e desfecho de cada caminhada uma estação, facilitando o acesso aos participantes. O uso do transporte público faz parte desta experiência. Esse coletivo de pessoas de horizontes diferentes (arquitetura, design, arte contemporânea) traçou um itinerário cartesiano dentro de uma lógica de explorador, um eixo que atravessa a cidade de São Paulo de Sul a Norte. Esse itinerário está dividido em quatro etapas. Os passeios, abertos a todos, se dirigem tanto aos participantes de Eternal Tour quanto aos habitantes de São Paulo. A proposta do coletivo fundamenta-se na « passeiologia », ciência fundada pelo sociólogo suíço Lucius Burckhardt nos anos 1980. Essa visão da atividade pedestre visa confrontar a paisagem e o espaço urbano da perspectiva de um explorador ingênuo e entusiasta, que aprecia a estética de todo e qualquer lugar, até em sua simplicidade ou, mesmo, na sua maior banalidade, em oposição ao espetacular. A intenção é provocar uma paleta colorida das percepções subjetivas do ambiente, do contexto e, assim, da realidade espacial.

Artistas: Cris Faria, Céline Guibat, Thais Ribeiro, Karin Zindel e David Zumstein.

Cada dia de caminhada percorre cerca de 10 km, com uma duração aproximada de 4h. Recomenda-se utilizar roupas confortáveis, portar água e estar em boas condições físicas. Inscrições na Central de Atendimento a partir de 15/08, às 19h. Vagas Limitadas.

Discussão e reflexão sobre as Caminhadas Urbanas

Dia 06/09, quinta, às 20h.

Sala Moebius: Convivência. Com Cris Faria, Céline Guibat, Thais Ribeiro, Karin Zindel e David Zumstein. Vagas Limitadas. Retirada de ingressos com 1h de antecedência no local.

Roteiros:

SP Cartesiana 1º dia

29/08, quarta, às 9h – Estação Sacomã – Estação Luz

SP Cartesiana 2º dia

31/08, sexta, às 9h – Estação Luz – Estação Santana

SP Cartesiana 3º dia

3/09, segunda, às 9h – Estação Santana – Estação Tucuruvi

SP Cartesiana Bienal 4º dia

4/09, terça, às 14h – SESC Consolação – Parque do Ibirapuera

Dias: 29/08, 31/08, 03/09, 04/09. Quarta, sexta e segunda, às 9h. Terça, às 14h.

Cidade Gato Quente

A instalação Cidade Gato Quente se propõe a tornar visíveis os vestígios da natureza animal selvagem que vive e convive com a natureza civilizada e canalizada que a cidade impõe hoje. De fato, São Paulo, metrópole tropical, a exemplo de outras cidades de países do Sul, está em permanente desequilíbrio entre seu crescimento tanto econômico quanto urbano e sua situação geográfica, climática e biológica. Os rios que se tornam esgotos são também terras para animais selvagens, a potência da vegetação compromete as construções, à imensidão de sua população corresponde uma população ao menos tão significativa de animais de estimação ou selvagens, semi-civilizados ou parasitas. Cidade Gato Quente consiste em uma pesquisa sobre essa fauna: que relações ela mantém com o ser humano, entre desejo de proteção, vontade de erradicação e medos irracionais? Cidade Gato Quente tomará a forma de um projeto de filme, apresentado como um diagrama mural, relatando o estado das pesquisas com uma vitrine que será preenchida, à medida que forem se escoando os dias do Festival, com os vestígios do selvagem e do animal.

Artistas: Fabiana de Barros e Michel Favre.

Dia 29 de agosto, quarta-feira, às 19h. Presença dos artistas no lançamento do projeto

Sala Moebius. Convivência.

Haiti e Brasil: Mesmas Raízes

Cantora lírica, Anne-Laure Kénol desenvolveu com Ted Beaubrun e Valérie Girault uma pesquisa sobre a música e a dança de escravos no Haiti e no Brasil. Fascinados pelos paralelos que podem ser traçados entre as duas culturas, os três músicos propõem ao público um recital de canto acompanhado ao piano, que reúne tanto a música tradicional quanto um repertório mais clássico. Efetivamente, o Haiti foi o primeiro território descoberto por Colombo e foi para lá que os primeiros escravos vindos da África foram deportados. Mesmo após a abolição da escravatura, sua situação pouco melhorou. As tradições africanas (Benim, Angola…) permaneceram extremamente presentes, apesar das diferentes influências que as modificaram, conforme e região. A música, o canto, a dança permitiram a essas populações exprimir seus sofrimentos, sua cólera e, principalmente, conservar sua dignidade e identidade. Certas danças foram, também, o modo de treinar para o combate sem atrair a atenção dos senhores brancos. Essa é uma das semelhanças entre o Haiti (danças de guerra) e o Brasil (capoeira). A música (fortemente ligada às crenças do vodu e do candomblé) permitiu-lhes encontrar os meios e a coragem de se revoltar. O Haiti foi o primeiro a se libertar, arrastando atrás de si muitos países em sua revolta.

Artistas: Anne-Laure Kénol em colaboração com Ted Beaubrun e Valérie Girault.

Dias 29 de agosto, às 20 horas.

Sala Moebius. Convivência. Vagas Limitadas. Distribuição de ingressos com 1h de antecedência no local.

Bioperversity
No âmbito do festival Eternal Tour, o artista plástico Stéphane Malysse propõe uma performance que permitirá dar início a um debate com o público sobre a ecologia e seus descaminhos propagandísticos, baseada em seu “manifesto da bioperversidade”, redigido em 2010:

Realizar gestos “biodesagradáveis” em plantas vivas:

Torturar com malícia

Envenenar lentamente

Atacar sadicamente

Picar esteticamente

Descascar impecavelmente

Queimar ao banho-maria

Estragar eficazmente

Maltratar sem culpa

Asfixiar simplesmente

Transplantar de cabeça para baixo

Impedir a fotossíntese a qualquer custo…

Dia 30 de agosto, às 20 horas.

Sala Moebius. Convivência. Presença do artista no lançamento do projeto.

Cirurgia Poética

Inspirando-se diretamente na infraestrutura do SESC (que se dedica não somente à cultura do espírito, mas também aos cuidados com o corpo), Dominique Fleury e Ana Teixeira convidam o público a se reunir em uma sala de espera criada na sala Moebius (Convivência). A audiência confiará, então, aos artistas, as histórias de seus corpos, do olhar que dirigem a seus males físicos ou psíquicos para, em seguida, dar-lhes forma. A partir desses testemunhos um texto coletivo será redigido, como um poema assinado por vários autores para, em seguida, proceder-se à elaboração de uma escultura antropomórfica comum. A matéria-prima da escultura será o corpo do grupo, aqui considerado como Um. Desse modo, à maneira de Frankenstein, um ser constituído por um mosaico de emoções será posto no mundo. Por meio desse projeto, Dominique Fleury e Ana Teixeira terão uma amostra da relação de alguns brasileiros com seu corpo, sua intimidade, seu imaginário.

Artistas: Dominique Fleury, em colaboração com Ana Teixeira.

Dia 30 de agosto, quinta-feira, às 16 horas.

Sala Moebius. Convivência.

Mandacarus

O artista paulista Pazé propõe quatro aquarelas inéditas a partir de sua pesquisa sobre a planta mandacaru, na qual se inspirou para sua instalação no parque Ibirapuera, nas imediações do Auditório. Nela, os frutos vermelhos da planta foram recriados em vidro e podem ser iluminados. Durante os longos períodos de seca das regiões do Brasil semiárido, o mandacaru é muito útil tanto para os seres humanos quanto para os animais, pois estoca água em seu caule e raízes e serve para alimentar os rebanhos. Pazé aprecia igualmente o aspecto quase escultural da planta, da qual se depreende uma beleza particular.

Dia 31/09, sexta, às 16h. Presença do artista no lançamento do projeto

Sala Moebius. Convivência. Vagas limitadas

Nossa Última Sonata

Uma viagem e uma leitura, de Sarajevo a Jerusalém. Três protagonistas: uma barba, uma cabeleira e um chapéu. Uma fala performada para a câmera, imagens-quadros e câmaras de ar. De sua 114ª à sua 1ª surata, o Corão é lido na beira das estradas, em uma tenda, um bar, na entrada de um shopping, diante de um jumento, no mar, a bordo de um ônibus, um trem noturno ou um avião. Como entender essa tradução francesa do texto sagrado que fundou a língua árabe, a língua de Deus? Seria preciso tentar interpretá-lo e ligá-lo às paisagens-contextos? Se se trata de viver um livro, por meio de uma leitura estimulada e sustentada pela câmera e pelo microfone, o que está em jogo é também a questão de uma pesquisa da fronteira geográfica e cultural entre Ocidente e Oriente, das distinções e entrecruzamentos feitos entre os três monoteísmos, da apropriação dessas problemáticas por três pessoas que encarnam alternativamente o patriarca, a mulher e o judeu  ou, ainda, o Papai Noel, a indisciplinada e o jovem. Com todos os esforços que isso requer, como prova o filme, trata-se definitivamente de duas travessias paralelas ­ terra e texto ­ entre as quais os protagonistas buscam invariavelmente o ponto de contato, Deus sabe onde.

Artistas: Donatella Bernardi e Rudy Decelière

Dia 1/09, sábado, às 15h – presença dos artistas no lançamento do projeto

Sala Moebius. Convivência. Vagas limitadas

Caminhando pela fita de Moebius com Lygia (Clark?), uns índios e alguns franceses

Conferência com Suely Rolnik

Caminhando com Lygia Clark pela fita de Moebius, Suely Rolnik busca tornar sensível uma política do pensamento, do desejo e da subjetividade, presente no Brasil e, mais amplamente, no “Sul-Global”. Tal política, segundo ela, estaria hoje em vias de atualização, injetando o saber do corpo nas veias da modernidade ocidental em crise. Partindo da ideia de que o recalque desse saber é a operação macropolítica fundamental da colonização, Rolnik sugere que o retorno deste recalcado afima-se com um ato incontornável de resistência que teria a força de deslocar o estado de coisas em nossa contemporaneidade.

 

Dia 01/09, sábado, às 16h

Sala Moebius. Convivência. Vagas limitadas

Zumbi e Princesa Isabel: um espelho invertido para repensar o Brasil contemporâneo

Conferência com Denise Ferreira da Silva

Em 20 de novembro de 1995, Denise estava em Brasília, participando da manifestação que comemorava os 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares. Representantes de cerca de 20 comunidades e movimentos negros haviam sido convidados a compor uma importante marcha, a “Marcha Zumbi dos Palmares contra o racismo, pela cidadania e pela vida”, organizada para boicotar as cerimônias oficiais, pois o governo era acusado de se apropriar da imagem de Zumbi e de sua memória em prol de uma ideia de conciliação nacional. Hoje, mais de vinte anos após esses acontecimentos, o governo brasileiro modificou completamente sua retórica, os programas desenvolvidos e as políticas implementadas, criando instituições para eliminar os efeitos do racismo no país. Por ocasião de Eternal Tour, Denise apresentará sua análise e seu ponto de vista. Ela partirá da análise de uma imagem em espelho invertida da princesa Isabel (senhora branca) e de Zumbi (escravo negro) para pensar a identidade brasileira no contexto político contemporâneo.

Dia 03/09, segunda, às 19h

Sala Moebius. Convivência. Vagas limitadas

Grand Tour

Conferência com Cecilie Meng Sørensen e Merzedes Sturm-Lie

As duas jovens artistas vão utilizar a plataforma e o tempo do festival como um Grand Tour de duas semanas. Vão perscrutar a cidade e alguns de seus extratos: escolas de arte, institutos culturais, galerias estabelecidas e de arte bruta. Essa exploração implicará inúmeros encontros e colaborações. Três temas principais, como grades de leitura urbanas, foram selecionados pelas artistas: nacionalidade, liberdade e propaganda. Essas linhas diretoras levarão à criação de trabalhos site-specific em mídias adaptadas às ocasiões particulares. Essas produções e as experiências a elas relacionadas serão reunidas em um “Gameplan”. Esse poderá ser usado por outras pessoas que estiverem visitando São Paulo como um guia de viagem alternativo.

Dia 05/09, quarta, às 14h

Sala Moebius. Convivência. Vagas limitadas

A arte e o território

Conferência de Simon Lamunière

Conhecido por haver sido o curador da Art Unlimited (a seção das grandes obras da feira Art Basel) durante doze anos, Simon Lamunière dirigiu igualmente Utopics, a XI Exposição Suíça de Escultura em 2009. Inclinado a jogar com a arquitetura, o espaço e a escala do território, iniciou e coordena o vasto projeto de arte pública Neon Parallax (9 insígnias de artistas em uma praça de Genebra), ao mesmo tempo que cria, com humor, uma galeria de 2m2.

Simon Lamunière apresenta a estratégia artística desses projetos e traça um paralelo entre eles e outras formas artísticas e territoriais, como Nutopia, de Yoko Ono e John Lennon, Inhotim (Parque artístico e jardim botânico do colecionador Bernardo Paz em Belo Horizonte), e The Land (fazenda autogerida agrocultural dos artistas Rirkrit Tiravanija e Kamin Letchaiprasert na Tailândia).

Tentar entender esses modelos artísticos significa abordar a difícil relação que a arte mantém com o território e seus signos tangíveis. O aumento das escalas, a midiatização e a globalização engendram inúmeras mudanças estratégicas, tanto da parte dos centros urbanos como dos artistas. Ao mesmo tempo que a arte cresce, a competição se acirra. O território é limitado. Um combate entre visibilidade e invisibilidade, entre centros e periferias é declarado.

Dia 05/09, quarta, às 16h

Sala Moebius. Convivência. Vagas limitadas

Eternal Tour: algumas visões conclusivas

Conferência com Pablo Léon De La Barra

O curador mexicano será convidado a acompanhar o festival Eternal Tour em sua íntegra, visando estabelecer um balanço final. Efetivamente, 2012 São Paulo será a última edição do festival. Que pensar dessa aventura? Que formas de arte e de conhecimento desenvolve?

Dia 06/09, quinta, às 17h

Sala Moebius. Convivência. Vagas limitadas

Serviço:

Evento: festival internacional Eternal Tour

Abertura: 28 de agosto, terça-feira, às 20 horas

Período expositivo: de 28 de agosto a 29 de setembro de 2012

Local: SESC Consolação

Endereço: Rua Doutor Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo, CEP 01222-020

Horários de funcionamento da unidade: de segunda a sexta-feira, das 07 às 22 horas; e sábados e feriados (exceto domingos), das 10 às 19 horas

Telefone: (11) 3234 3000

Entrada gratuita e livre

www.eternaltour.org

http://www.sescsp.org.br

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