5 artistas brasileiros da arte concreta que você precisa conhecer
A arte concreta foi o movimento conhecido pelos artistas que construíam uma nova estrutura de cor e espaço, no contexto da construção do mundo pós Segunda Guerra Mundial, havendo assim a ligação entre arte e indústria. No Brasil, a arte concreta se tornou símbolo de progresso e desenvolvimento durante o governo de Juscelino Kubitschek, e seu ápice foi a construção de Brasília nos moldes construtivistas.
A estética predominante é abstratogeométrica, e nega-se à correntes artísticas subjetivas, líricas, e religiosas, partindo de ideais da Bauhaus, em que a racionalidade deve estar presente na sociedade e na arte democratizada pela industria. Os princípios do construtivismo são: bi dimensionalidade, atonalismo (cores puras e secundárias) e movimento linear.
Veja 4 dos mais importantes artistas brasileiros do concretismo.
Hércules Barsotti, 1914 – 2010, São Paulo
“Quando encosto uma cor na outra é que percebo a relação entre elas; nesse momento, é meu olho e não minha cabeça que decide.” (Hércules Barsotti)
As composições de Barsotti fascinam primeiramente pela experiência optica que as cores sugerem, e depois nos convidam à reflexão. O artista explora a cor e o dinamismo que cada uma oferece, criando uma ilusão de tridimensionalidade a partir de formas geométricas como losangos, pentágonos e circunferências. A convite de Ferreira Gullar, passou a fazer parte do Grupo Neoconcreto no Rio de Janeiro, e em 2004 o Museu de Arte Moderna de São Paulo organizou uma retrospectiva de suas obras celebrando seu 90º aniversário.
Lygia Clark, 1920 – 1988, Minas Gerais
Pseudônimo para Lygia Pimentel Lins, Lygia Clark ao estabelecer que “a arte é o seu ato”, fundou a arte participativa, interativa e compartilhada, trocando as pinturas pela experiência com objetos tridimensionais. Em seus trabalhos inovadores, encoraja o espectador a participar da obra a partir de experiências sensoriais, mudando a configuração e resultando em uma obra compartilhada.
Obras em Destaque
Dedica-se à arte terapêutica, pois ao participar das obras, é possível abrir caminho para o inconsciente e atingir ao primitivo interior, o self, resultando em um auto conhecimento revelador, logo, libertador.
Hélio Oiticica, 1937 – 1980, Rio de Janeiro
As obras de Hélio Oiticica, artista performático, pintor e escultor, vão desde elaborações teórica-artisticas com a presença de textos, comentários e poemas, até experimentos que requerem a participação do público, assim como fazia Lygia Clark. Faz do observador parte integrante de sua obra, adquirindo uma nova dimensão e criando o conceito de “suprassensorial, que propõe experiências com a capacidade sensorial do espectador e dilatando-a, assim como drogas alucinógenas. De acordo com Oiticica, o suprassensorial levaria o indivíduo “à descoberta do seu centro criativo interior, da sua espontaneidade expressiva adormecida, condicionada ao cotidiano”.
Décio Vieira, Petrópolis, 1922 – Rio de Janeiro 1988
Décio Vieira participa, na década de 1950, do Grupo Frente, constituído por artistas de tendências construtivo-geométricas. Nessa época, articula o espaço por meio de variações de formas e cores e por distorções da perspectiva, como ocorre em Espaço Construído, 1954. Em seus quadros, concilia a construção geométrica com a pesquisa de nuances cromáticas e o uso do sfumato, criando assim um jogo entre o definido e o indefinido.
Ivan Serpa (Rio de Janeiro, 1923 – 1973)
Foi um pintor, desenhista, professor e gravadorbrasileiro. A obra de Ivan Serpa, desde o início de sua carreira, oscilou entre o figurativismo e a arte concreta.
Entre o final dos anos 50 e começo dos anos 60, seu trabalho ganhou novos contornos, passando a incorporar elementos menos determinados como gestos, manchas e respingos de tinta. Em 1960, influenciado pelo desenho infantil, construiu imagens entre a abstração e a figuração. Nessa época, atuou como restaurador de livros na Biblioteca Nacional do Brasil, trabalho que serviu como inspiração para a série dos Anóbios, feita entre 1961 e 1962.
A partir de 1963 intensificou-se seu interesse pela figuração, realizando trabalhos como os da Série Negra e das séries Bichos e Mulheres com Bichos. Algumas obras incorporaram letreiros e a sobreposição de formas geométricas. A produção foi exposta em mostras importantes, como Opinião 65, Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira.
Em 1967 iniciou a série Op Erótica, que marcou seu retorno à linguagem construtiva. Interessado na op art, ele retomou a construção geométrica e os elementos bem definidos, tendo desenvolvido outras séries com essa característica, como Mangueira e Amazônicas. Essas obras o levaram às Arcas, móveis com formas brancas no seu interior que, por sua vez, deram origem às pinturas Geomânticas, a partir de 1969. Trabalhou nestes quadros até 1973, quando veio a falecer, com apenas 49 anos.