Curiosidades

O que significa L.H.O.O.Q.?

L.H.O.O.Q. é o nome de uma das obras do pintor dadaísta Marcel Duchamp e data de 1919. 

A sigla, lida em francês, parece dizer “Elle a chaud au cul“, que em português seria “Ela tem um rabo quente”. O trabalho é considerado por Duchamp como um ready-made.

Os ready-mades envolvem a utilização de objetos mundano e utilitários que geralmente não são considerados arte e sua transformação por adição, mudança ou (no caso de seu trabalho mais famoso, “Fonte“) simplesmente por renomeá-los e exibi-los em uma galeria.

Em L.H.O.O.Q., o objet trouvé (“objeto encontrado”) é um cartão postal que reproduz a obra da Mona Lisa de Leonardo da Vinci na qual Duchamp desenhou um bigode e um cavanhaque em lápis e atribuiu o título.

Na literatura da arte, este gesto é continuamente interpretado como uma insinuação por parte de Duchamp como especulação em relação à suposta homossexualidade de Leonardo.

Trabalhar com uma obra do Renascimento Italiano também aproximou Duchamp, artista baseado em Nova Iorque, do campo dadaísta europeu.

Análise da obra L.H.O.O.Q

As obras ready-made não se constroem de maneira convencional, já que não seguem as estéticas pré-definidas pela academia. Isso gera um choque com os significados tradicionais de arte. O objeto que foi utilizado para a composição a obra já é uma crítica de Duchamp: a Mona Lisa de Leonardo está dento da instituição do Museu do Louvre, porém, suas cópias são reproduzidas e distribuídas, correndo risco de serem manipuladas, como o próprio Duchamp fez. A reprodução usa a obra original como uma referência visual.

Ao demonstrar que seus objets trouvés e objetos cotidianos produzidos em série também poderiam ser elevados ao status de obras de arte simplesmente por definição, o artista quebrou com o mito romântico do criador, ao mesmo tempo em que o reforçou ao clamar para si próprio esta capacidade e autoridade.

O objeto banal só se tornava arte porque foi um artista que assim o afirmou.

O humor, o escândalo e o desrespeito com os sublimes valores da história da arte eram estratégias típicas dos dadaístas. Duchamp se recusava a criar obras que atraíssem o público visualmente, já que sua intenção era conectar a arte com a intelectualidade.

Esquerda; Marcel Duchamp, L.H. O.O.Q, 1917. Direita; Francis Picabia, L.H.O.O.Q, reprodução, 1920

Ele criava as obras não apenas pensando no visual da obra quando finalizada, mas na ideia que ela transmitia. A obra, além de uma releitura, tem intenção de tirar a Mona Lisa dos eixos da academia e da tradição, e criticar o consumo da própria arte.

Pela construção visual, a obra apenas mostra uma mulher chamada Mona Lisa com bigode e cavanhaque, representando o padrão de beleza feminino na época de Da Vinci.

Duchamp diverge com esta ideia, e entra em conflito com estes padrões impostos: a figura de Mona Lisa se torna masculina com os simples detalhes da barba. As representações o belo e do ideal, presentes na obra original de Leonardo, são provadas na produção de L.H.O.O.Q.

Duchamp adicionou novos elementos para uma obra inalcançável, e o fez de uma maneira que causou grande impacto. O francês formou a partir de uma reprodução, novos conceitos que se aderiam às suas ideias e valores.

Neste contexto, cria-se um novo símbolo da arte a partir de seu próprio estatuto e pré-definição. É importante ressaltar que a crítica não é diretamente encaminhada à Da Vinci ou ao próprio Renascimento Italiano. Ambos artistas são relevantes, porém, cada um possui um símbolo diferente. Duchamp não duvida da importância inquestionável das obras renascentistas.

Ele revela o caráter mutável da arte, que sofre transformações inevitáveis no decorrer da história a partir de mudanças das próprias culturas. Portanto, pode-se afirmar que a obra do francês assume uma identidade pessoal, mesmo que tenha referência a um trabalho renascentista.

A obra L.H.O.O.Q se encontra no Centro Georges Pompidou, em Paris

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Equipe Editorial

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  • Marcel Duchamp queria chamar a atenção com a sigla "L.H.O.O.Q.", pois a sua pronúncia em francês é a mesma da frase "Elle a chaud au cul", que significa, em português, "Ela tem rabo quente".

  • Marcel Duchamp queria chamar a atenção com a sigla "L.H.O.O.Q.", pois a sua pronúncia em francês é a mesma da frase "Elle a chaud au cul", que significa, em português, "Ela tem rabo quente".

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