Os principais acontecimentos mundo da arte foram marcados pela retomada às visitas presenciais a museus, galerias e instituições, após quase dois anos em que o mundo atravessou a pandemia de Covid. Mesmo com as visitas 100% presenciais, ao que parece, os eventos híbridos e tours virtuais serão muito bem vindos daqui para frente.
As comemorações ao Centenário da Semana de Arte Moderna de 22 e ao Bicentenário da Independência do Brasil levaram muitos artistas e instituições, especialmente do estado de São Paulo, a criarem eventos, exposições, debates e homenagens a esses marcos históricos da cultura brasileira.
Nas instituições do Brasil todo circulou um grande volume de curadores, artistas, obras e estudiosos apresentando a diversidade da produção nacional por meio de grandes exposições revelando símbolos e heranças ligados à cultura negra e indígena, bem como a representatividade feminina na arte brasileira.
Você também pode assistir aos principais fatos do ano pelo nosso canal do YouTube, em um vídeo completo sobre o tema.
“Portinari para Todos” no MIS Experience
Um dos grandes destaques foi a mostra Portinari para Todos que aconteceu de março a julho. A mais completa mostra já realizada sobre o artista paulista, considerado um dos maiores pintores brasileiros, foi um grande sucesso de público, com mais de 230 mil visitantes.
Atualmente, a mostra Portinari Para Todos pode ser vista em formato digital.
“Adriana Varejão: Suturas, fissuras, ruínas” na Pinacoteca
De março a agosto, esteve em cartaz a mostra mais abrangente de Adriana Varejão, com mais de 60 obras. Adriana Varejão é uma das artistas contemporâneas mais relevantes do Brasil e ocupou 7 salas da Pinacoteca.
Exposições importantes aconteceram na Pinacoteca em 2022. “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano” de abril a agosto; além de três exposições que ficam e cartaz até 2023: “Jonathas de Andrade: O rebote do bote”, “Dalton Paula” e “Lenora de Barros: Minha Língua”.
Histórias Brasileiras no MASP
Histórias brasileiras faz parte de uma série de mostras e projetos apresentados pelo MASP desde 2016, como Histórias da infância (2016), Histórias da sexualidade (2017), Histórias afro-atlânticas (2018), Histórias das mulheres, Histórias feministas (2019) e Histórias da dança (2020).
Ao longo do ano, Histórias Brasileiras trouxe um ciclo de exposições individuais de Alfredo Volpi (1896-1988), Abdias Nascimento (1914-2011), Joseca Yanomami, Luiz Zerbini, Dalton Paula, Madalena dos Santos Reinbolt (1919-1977), Judith Lauand e Cinthia Marcelle, além de mostras na sala de vídeo de Aline Motta, Bárbara Wagner & Benjamin de Burca, Letícia Parente, Melanie Smith e Tamar Guimarães.
“OSGEMEOS: Nossos Segredos” no CCBB-RJ
A exposição, que teve abertura em outubro e se mantém em cartaz até janeiro de 2023, apresenta a retrospectiva dos artistas paulistanos Gustavo e Otavio Pandolfo. Já durante as primeiras semanas, a mostra recebeu mais de 100 mil visitantes.
Exposições imersivas no Brasil
Consideradas passeios de entretenimento que propõem um mergulho à biografia de artistas renomados da arte mundial, as mostras imersivas já são uma tendência.
No Brasil, quatro imersivas atraíram excelente público: “Beyond Van Gogh”, em São Paulo e Brasília; “Monet, Le Rêve” e “Monet À Beira D’Água”, em São Paulo; e “Frida Kahlo, a Vida de Um Ícone”, em Salvador.
“Bispo do Rosario – eu vim: aparição, impregnação e impacto” no Itaú Cultural
O Itaú Cultural reuniu centenas de trabalhos de Arthur Bispo do Rosario (1911-1989), em paralelo com outros artistas, modernos e contemporâneos.
A exposição foi inaugurada em 18 de maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial – porque Bispo do Rosario foi diagnosticado como esquizofrênico-paranoico e viveu boa parte de sua vida em hospícios, onde produziu suas obras com materiais que ele agrupava desfazendo uniformes dos funcionários, lençóis e fios para tecer as suas invenções. Bispo do Rosário teve uma produção voltada para as pessoas excluídas da sociedade.
“Tunga: conjunções magnéticas”, no Itaú Cultural
De dezembro de 2021 a abril de 2022, o Itaú Cultural celebrou a produção artística de Tunga (1952-2016), figura emblemática das artes visuais do país.
A exposição propôs uma retrospectiva que apresenta a extensão da obra de Tunga em consonância com sua prática e sua poética plástica.
“37° Panorama da Arte Brasileira – Sob as cinzas, brasa” no Museu de Arte Moderna de São Paulo
O MAM-São Paulo inaugurou, em julho, o “37° Panorama da Arte Brasileira – Sob as cinzas, brasa”, que propôs a desconstrução de paradigmas naturalizados em relação ao Brasil colônia.
A mostra valorizava a dimensão pedagógica da arte e prospecta rupturas estruturais. Ainda em um mundo pandêmico, o Panorama propõe investigar como os artistas enraizados no Brasil têm enfrentado os múltiplos problemas causados pelo modelo de desenvolvimento adotado nos últimos séculos.
“Nakoada” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
A exposição “Nakoada”, com curadoria de Denilson Baniwa e Beatriz Lemos, ficou em cartaz de julho a dezembro e foi um importante destaque do MAM RJ.
“Nakoada” é uma estratégia de guerra do povo Baniwa da região do Alto Rio Negro para elaborar novas possibilidades de permanência no mundo. O conceito resume a tática de mergulhar na compreensão de aspectos de outra cultura para a garantia da própria sobrevivência. Se originalmente esta prática era usada pelos Baniwa para lidar com outros povos originários, hoje é repensada para a relação com culturas não-indígenas.
Um Defeito de Cor” no Museu de Arte do Rio (MAR)
A exposição principal do MAR, inaugurada em setembro, é uma interpretação do livro de mesmo nome da escritora mineira Ana Maria Gonçalves, que conta a saga de uma mulher africana, chamada Kehinde, que, no Brasil, precisa lutar por sua liberdade e reconstruir sua vida. Esse recorte do livro, feito pelos curadores Amanda Bonan, Marcelo Campos e pela própria autora, aborda anos da história do Brasil e do continente africano. Ao todo, são 400 obras de artes entre desenhos, pinturas, vídeos, esculturas e instalações de mais de 100 artistas do Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão e até mesmo do continente africano, em sua maioria negros e negras, principalmente mulheres.
Dividida em 10 núcleos, que se espelham nos 10 capítulos do livro, a mostra fala de revoltas negras, empreendedorismo, protagonismo feminino, culto aos ancestrais, África Contemporânea, entre outros temas.
A exposição vai até maio de 2023.
SP Arte
A 18ª edição da SP–Arte, que aconteceu de 6 a 10 de abril de 2022, contou com a participação de mais de 130 expositores, entre galerias de arte e estúdios de design, além de editoras, projetos especiais e participações institucionais.
Foram realizados bate-papos, visitas guiadas, lançamentos de livros, além do SP–Arte Weekend, que movimentou a cidade nos dois finais de semana que antecederam a feira.
Em agosto, aconteceu a nova feira da SP-Arte: Rotas Brasileiras, na ARCA, na Vila Leopoldina. O evento contou com a participação de 70 expositores, entre galerias e projetos convidados que expandiram a visão sobre o Brasil.
ArtSampa
A primeira edição da ArtSampa foi realizada em 2022 na OCA, no Parque Ibirapuera, e apostou em projetos inovadores e originais pensados exclusivamente para a feira. O evento foi planejado nos moldes do ArtRio, que já acontece há 11 anos e conta também com a estrutura e a equipe organizadora da feira carioca.
Art-Rio
Reconhecida como um dos grandes eventos de arte da América Latina, a ArtRio reúne as principais galerias do país. A edição aconteceu em setembro.
O local foi dividido em dois: “Terra”, que representa o pavilhão central da Marina da Glória, e “Mar”, que é a parte externa, que cresceu ainda mais, com uma construção temporária de 3 mil metros quadrados. O novo espaço foi inspirado nas linhas do entorno da Marina, das montanhas e do vento, com direito a bares e restaurantes. Teve também o estande do Prêmio FOCO, apresentado pelo Instituto Cultural Vale, que expôs obras dos 6 artistas selecionados nessa edição.
59ª Bienal Internacional de Veneza
Uma das principais bienais do mundo, que deveria acontecer em 2021 e foi adiada devido à pandemia, aconteceu entre abril e novembro de 2022. Cinco artistas brasileiros foram convidados para expor no pavilhão principal: Jaider Esbell (1979-2021), Lenora de Barros, Luiz Roque, Rosana Paulino e Solange Pessoa.
O Pavilhão do Brasil na Bienal de Veneza teve grande destaque. “Dedo podre”, “costas quentes”, “fura olho”, “entrar por um ouvido e sair pelo outro”, “coração saindo pela boca” entre outras 250 expressões brasileiras se transformaram em esculturas interativas, fotografias, e vídeo instalação, atraindo grande público.
Em 2022 aconteceram também a 12ª Bienal de Berlim, de junho a setembro e a 13ª Bienal do Mercosul, de setembro a novembro.
Prêmio PIPA
O Prêmio Pipa, criado em 2010, vem ganhando destaque no mercado brasileiro de arte contemporânea como um importante impulsionador nas carreiras de novos artistas.
Os quatro artistas vencedores do Prêmio PIPA de 2022 foram: Coletivo Coletores, Josi, Uyra (com a exposição “Supernova”, em cartaz de dez 2022 a abril de 2023) e Vitória Cribb.
Inauguração do Museu das Culturas Indígenas
Em junho, uma instituição totalmente dedicada à valorização e difusão do patrimônio cultural indígena foi inaugurada em São Paulo. O Museu das Culturas Indígenas (MCI) propõe uma gestão inédita que prioriza a participação e o protagonismo dos diversos povos e comunidades indígenas do estado por meio do Conselho Indígena Aty Mirim.
Reabertura do Museu do Ipiranga
Após permanecer 9 anos fechado por problemas de conservação e segurança, o Museu do Ipiranga, em São Paulo, foi reaberto. Seus primeiros visitantes foram estudantes de escolas públicas, trabalhadores das obras e seus familiares.
O Museu passou por importantes transformações para a celebração do Bicentenário da Independência do Brasil e promete ser um dos mais completos e modernos da América Latina.
Novo prédio na Pinacoteca (Pina Contemporânea)
A Pina Contemporânea é o novo edifício que fará parte da Pinacoteca de São Paulo. Com ela, a Pinacoteca, atualmente composta pela Pina Luz e pela Pina Estação, será o segundo maior museu da América Latina, atrás apenas do Museu de Antropologia Nacional do México.
Em construção desde novembro de 2021, a entrega do prédio está prevista para dezembro de 2022, porém a abertura ao público acontece somente em 25 de janeiro de 2023, aniversário da cidade de São Paulo.
Série diários de Andy Warhol na Netflix
Em março, a Netflix estreou a mini série “Diários de Andy Warhol” dirigida por Andrew Rossi. Com seis episódios de 1h cada, a obra traz tudo sobre a vida do ícone da pop art.
O roteiro da série é baseado nos diários escritos por Andy após o artista levar um tiro em 68 e começar a registrar seus sentimentos. O documentário conta com a narração do próprio Andy Warhol com uma voz criada por meio de inteligência artificial.
Mural de Eduardo Kobra na ONU, Disney e lançamento de seu documentário
Em setembro, o brasileiro Eduardo Kobra inaugurou um painel com cerca de 300 metros quadrados na entrada do prédio das Nações Unidas, em Nova York. A obra traz a figura de um homem entregando o planeta para uma criança, trazendo a reflexão sobre o futuro do planeta para as próximas gerações.
Em novembro, Kobra se destacou mais uma vez, tornando-se o primeiro artista brasileiro a ter sua obra na Disney. Kobra pintou um mural de 145 metros quadrados que traz sete crianças simbolizando “a infância e a alegria do brincar”.
Para fechar o ano, o Documentário “Kobra Auto Retrato” narra desde sua infância difícil na periferia de São Paulo fazendo grafiti nas ruas ilegalmente, até pintar mais de 50 murais em Nova York, um artista de sucesso internacional.
Ataques a museus e obras de arte
Durante o segundo semestre, vídeos com ataques a obras de arte apareceram com frequência nas redes sociais. A “Monalisa”, de Leonardo da Vinci, foi atacada com uma torta no Louvre, em Paris; “Os Girassois”, de Van Gogh, foi atacado com uma lata de sopa de tomate na National Gallery, em Londres. Um quadro de Claude Monet, da série Les Meules, foi atingido com purê de batata no Museu Barberini, em Potsdam; um manifestante colou a própria cabeça à “Moça com o brinco de pérola”, de Johannes Vermeer, em um museu em Haia.
Sob a justificativa de protestar contra o uso de combustíveis fósseis no planeta, grupos ligados ao ativismo climático de vários países se aproveitaram da visibilidade de obras de arte para discursar sobre o tema.
Damien Hirst queima obras (NFT)
O projeto “The Currency”, do artista britânico Damien Hirst, consiste em oferecer uma série de 10.000 obras exclusivas para colecionadores, que poderiam optar entre obtê-las como o trabalho original em papel ou como NFTs. Assim, todas as obras vendidas como NTFs foram incineradas pelo próprio artista e o evento foi transmitido ao vivo. Estima-se que as obras valem, coletivamente, quase £ 10 milhões.
Empresário de NFT’s queima um desenho de Frida Kahlo e causa revolta
Um empresário milionário de Miami está sendo investigado pelo Instituto Nacional de Belas Artes e Literatura do México por ter incendiado um desenho de Frida Kahlo durante um evento para vender NFTs. A investigação acontece porque as obras da Frida são consideradas tesouros nacionais no México.
A obra estava avaliada em US$ 10 milhões (R$ 53,8 milhões)
Pinturas queimadas de Maria Prymachenco na Ucrânia
Em fevereiro de 2022, o presidente russo Vladimir Putin enviou suas tropas militares à Ucrânia e mundo assistiu a imagens de ataques aéreos em diversas cidades ucranianas. Um destes ataques atingiu e deixou em chamas o Museu de Ivankiv, onde haviam 25 obras de Maria Prymachenko (1909 – 1997). Suas pinturas, elogiadas por artistas como Pablo Picasso, são um ícone da identidade nacional ucraniana e as primeiras notícias do incêndio mostraram séria preocupação com a destrição das obras de Prymachenko.
A história teve um revés quando a Fundação da Família Maria Prymachenko, que administra o catálogo da artista, afirmou que as obras foram resgatadas do prédio por um morador local. Algumas foram recuperadas intactas e outras foram danificadas.
Bansky na Ucrânia
Cidades ucranianas devastadas pelos ataques russos foram visitadas pelo muralista mais famoso do mundo, Banksy. Ao todo, seis pinturas fazem crítica à guerra contra a Ucrânia e a visita foi transformada em um mini documentário que pode ser visto no Instagram do artista.
Diretor artístico do MASP é nomeado curador da Bienal de Veneza 2024
O atual diretor artístico do MASP, Adriano Pedrosa, foi nomeado como responsável pela curadoria da 60ª Bienal de Veneza, que será realizada entre abril e novembro de 2024.
Emanoel Araújo
Emanoel Araujo, artista, curador e idealizador do Museu Afro Brasil, é considerado uma referência para a produção de artistas negros ou ligados a temáticas diaspóricas brasileiras. Araújo foi diretor do Museu de Arte da Bahia, de 1981 a 1983; da Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre 1992 e 2002, além de idealizador e fundador do Museu Afro Brasil, inaugurado em 2004.
Em 2022, Emanoel Araújo estava trabalhando para levar ao Museu Afro Brasil uma exposição temática sobre o bicentenário da independência do Brasil. Ele faleceu em 07 de setembro de 2022, aos 81 anos, vítima de um ataque cardíaco.
Rochelle Costi
Rochelle Costi, nascida em Caxias do Sul em 1961, foi uma artista multimídia que trabalhava com fotografias, vídeos e instalações. Suas obras frequentemente apresentavam ambientes domésticos ou cenas cotidianas sob diferentes pontos de vista, causando, ao mesmo tempo, identificação e estranhamento, sensações que nos prendem em suas imagens e nos fazem refletir sobre elas.
Em 2022, Rochelle Costi estava participando da mostra “Arte é Bom – a exposição onde tudo pode” no Museu da Imagem e do Som em São Paulo, quando sofreu um acidente e faleceu, aos 61 anos
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