Arte no Mundo

As 10 obras de arte mais caras do mundo

As obras de arte mais caras do mundo não são apenas expressões criativas, mas também símbolos de status e investimento financeiro. A arte contemporânea reflete as complexas dinâmicas culturais, sociais e econômicas do nosso tempo, e algumas dessas obras atingiram cifras impressionantes, superando centenas de milhões de dólares em leilões internacionais.

Este fenômeno é impulsionado por uma combinação de fatores, incluindo a notoriedade do artista, a raridade da obra, o estado de conservação, a história da peça e, claro, a demanda do mercado. Neste contexto, apresentamos uma análise das 10 obras de arte contemporânea mais caras do mundo, explorando não apenas os valores monetários, mas também as histórias e influências que tornaram essas obras tão valiosas.


No episódio “Top 10 obras mais caras do mundo”, disponível no Canal Art Talks, no YouTube, falamos sobre as obras e ainda trouxemos curiosidades sobre suas produções, sobre História da Arte e sobre mercado.


10. Les Femmes d’Alger (versão O), 1955, Pablo Picasso. US$ 179,4 milhões

Les Femmes d’Alger (versão O) é uma pintura do espanhol Pablo Picasso, produzida em 1955. Ela faz parte de uma série de 15 pinturas e outros desenhos que Picasso produziu em homenagem aos artistas que admirava.

Les Femmes d’Alger (versão O), 1955, Pablo Picasso.

A série, criada entre 1954-1955, inspirou-se originalmente na pintura de Eugene Delacroix de 1834, chamada Femmes d’Alger dans leur appartement, ou Mulheres de Argel em seu apartamento.

Femmes d’Alger dans leur appartement, Eugene Delacroix, 834

Picasso começou a produzir essa série logo depois da morte de seu amigo e rival de toda a vida, Henri Matisse. Matisse tinha sido famoso por suas imagens de mulheres conhecidas como odalisques – em referência às mulheres voluptuosas de um harém. Segundo Picasso, “quando Matisse morreu, ele deixou suas odalisques como legado”.

Odalisques de Henri Matisse

Les Femmes d’Alger (versão O) foi leiloada por 179 milhões e 400 mil dolares pela casa de Leilões Christie’s em 2015.

9. Retrato de Maerten Soolmans e Retrato de Oopjen Coppit, Rembrandt, 1634. US$ 180 milhões.

Os retratos de Maerten Soolmans e sua esposa Oopjen Coppit, são duas obras-primas do holandês Rembrandt pintadas em 1634. As pinturas são consideradas exceções na obra de Rembrandt, sendo os únicos retratos de corpo inteiro produzidos pelo artista. Este tipo de trabalho, muito raro para sua época na Holanda, foi encomendado por um casal da alta burguesia de Amsterdã. As roupas pretas, trazem a moda mais cara da época. Embora sejam dois quadros diferentes, eles dialogam entre si por meio da pose, do movimento, das vestimentas e da luz.

Retrato de Maerten Soolmans e Retrato de Oopjen Coppit, Rembrandt, 1634.

Em 1877, uma coleção de obras foi colocada à venda, e esses quadros eram as obras principais dessa coleção. O governo holandês tentou adquirir as obras, mas o preço era muito alto. Por meio de um consórcio, a família Rothschild adquiriu as pinturas, e os dois retratos foram para a França.
Em 2014, quando a família decidiu vender os quadros, França e Holanda queriam as obras, até que foi feito um acordo que permite que as obras pudessem ser expostas em dois dos maiores museus da Europa: Louvre e Rijksmuseum. Valor da aquisição: 180 milhões de dólares.

8. Wasserschlangen II, 1907, Gustav Klimt. S$ 183,8 milhões

Pintado em 1907 pelo austríaco Gustav Klimt, Wasserschlangen II, também conhecido como “Serpentes d’Água II” é uma pintura a óleo que dá sequência à pintura anterior chamada Serpentes d’Água I. Como a primeira pintura, Serpentes d’Água II lida com a sensualidade dos corpos femininos e relacionamentos entre pessoas do mesmo gênero.

Wasserschlangen II, 1907, Gustav Klimt.
Wasserschlangen I, 1907, Gustav Klimt.

A obra traz quatro ninfas aquáticas. Duas são vistas em primeiro plano em nudez total; as outras duas estão no canto superior direito, e apenas suas cabeças são visíveis.

Esse quadro pertencia a uma mulher de origem judaica. Durante a segunda guerra mundial, ela precisou fugir e essa pintura – e muitas outras – foi roubada pelos nazistas e foi considerada “perdida”, quando na verdade ela foi entregue a um cineasta nazista.
Depois da morte desse cineasta, a esposa dele quis vender e o quadro em um leilão mas como oficialmente era uma obra desaparecida, ela teve que entrar em contato e negociar o valor da venda com a família lá da primeira dona dele.
E então foi feito um acordo em que eles dividiram o valor do quadro meio a meio.
Em 2012, o quadro foi vendido por 112 milhões de dólares. E apenas 1 ano depois, em 2013, foi vendido novamente, dessa vez por 183 milhões.

7. No. 6 – Violeta, Verde e Vermelho, 1951, Mark Rothko. US$ 186 milhões

Number 6 (Violeta, Verde e Vermelho) é uma pintura de 1951 do artista norte-americano Mark Rothko. A obra traz três retângulos imponentes de cor — um violeta profundo, um verde brilhante e um vermelho intenso. As 3 cores, retratadas com pinceladas grossas, não apresentam limites entre os retângulos, transmitindo uma sensação de fluidez e movimento.

No. 6 – Violeta, Verde e Vermelho, 1951, Mark Rothko.

Ao lado de Pollock e Kooning, Rothko é um dos mais famosos pintores americanos do período pós-guerra, reconhecido por suas telas de grandes dimensões com poucas cores. Ele é geralmente classificado como um expressionista abstrato, embora ele tenha rejeitado esse rótulo. Resistiu aceitar, também, a classificação de “pintor abstrato”.

Em 2014, Number 6 foi vendida por 186 milhões de dólares para o investidor russo.

Leia também: O que é arte abstrata? Tudo o que você precisa saber

6. Shot Sage Blue Marilyn, 1964 , Andy Warhol. US$ 195 milhões

Shot Sage Blue Marilyn, do norte-americano Andy Warhol, foi produzida em 1964, o quadro faz parte de uma série de serigrafias em que o artista reproduziu várias vezes a imagem de Marilyn Monroe, mantendo o desenho e alterando as cores das pinturas.
A obra apresenta a atriz com o rosto rosa e cabelos amarelos sobre um fundo azul e é um exemplo da estética da pop art.

Shot Sage Blue Marilyn, 1964 , Andy Warhol.

Essa é a obra milionária mais recente a entrar na lista das mais caras do mundo e foi leiloada pela Christie’s de Nova York, em maio de 2022, ou seja, a obra mais cara vendida neste século. Um colecionador suiço adquiriu o quadro por 195 milhões de dólares.

5. Number 17A, 1948, Jackson Pollock. US$ 200 milhões

A tela Number 17A, foi produzida em 1948, pelo norte-americano Jackson Pollock, e é uma grande representante do expressionismo abstrato.

Number 17A,1948, Jackson Pollock.

A tela faz parte da produção inicial do artista, muito conhecido por seus quadros feitos de uma forma diferente, que era, basicamente, posicionar o suporte no chão e distribuir a tinta com movimentos no ar, usando pincéis e outras ferramentas, criando composições abstratas arrojadas.
As obras de Pollock trazem uma nova forma de se entender a pintura com menos técnicas e mais performance.

A obra foi também apresentada em 1949 pela revista Life, transformando Pollock em uma celebridade, alcançou um alto valor no mercado, tanto é que Number 17A foi comprada em 2015 por 200 milhões de dólares.

4. Nafea Faa Ipoipo, 1892, Paul Gauguin. US$ 210 milhões

Nafea Faa Ipoipo (Ou Quando Você Casa?) é uma pintura a óleo produzida em 1892 pelo francês Paul Gauguin e representa duas mulheres taitianas.

Nafea Faa Ipoipo, 1892, Paul Gauguin.

Gauguin visitou o Taiti duas vezes. Sua primeira viagem foi em 1891, após se afastar de sua esposa e enfrentar dificuldades financeiras devido à impopularidade de sua arte na França.
Ele teve a ideia de fazer uma viagem, onde retratou muitos nativos, especialmente mulheres, e ele tinha uma grande expectativa de que essas obras fossem exóticas e diferentes do que se via na Europa na época, mas a verdade é que suas pinturas foram recebidas com indiferença quando ele retornou a Paris anos depois.

Gauguin fez, então, uma segunda viagem ao Taiti, o que também não rendeu muitos frutos em termos de venda de suas obras, e ele, como tantos outros artistas, teve seu talento reconhecido só depois de sua morte. Inclusive tem um filme, lançado em 2017, chamado Gauguin – Viagem ao Taiti, que retrata essa experiência do pintor.

A compra de Nafea Faa Ipoipo obra aconteceu em setembro de 2014 por um Sheik do Qatar por 210 milhões de dólares, tornando-se a obra de arte mais cara de Paul Gauguin já vendida.

3. Os Jogadores de Cartas (1892/93), Paul Cézanne. US$ 250 milhões

Pintada pelo pós-impressionista francês Paul Cézanne, The Card Players ou Os jogadores de cartas, foi produzida entre 1892 e 1893, uma fase marcada pelas principais telas do artista. E foi também um dos seus últimos trabalhos, porque faleceu logo em 1906.

Os Jogadores de Cartas (1892/93), Paul Cézanne.

Esse quadro faz parte de uma série que Cézanne produziu com o mesmo tema. Utilizando os agricultores da fazenda de sua família como modelos, o artista criou cinco composições que destacam os personagens.

A série representa o que se conhece na arte como cena de gênero, onde o artista mostra uma cena do cotidiano. Não há ação, Não existe troca de olhares, nem grandes emoções. Os personagens simplesmente estão ali. Para alguns críticos, Cézanne chegou a converter essas cenas de gênero em cenas de natureza morta, mas o que ele pretendia era simplesmente não categorizar os elementos dentro da cena, e que os objetos tivessem tanta importância quanto os seres humanos.

]Os detalhes da criação desta série são ainda desconhecidos, já foram anos e anos de pesquisa para descobrir as datas exatas de cada criação ou a sequência delas, sem chegar a uma conclusão definitiva. Uma das obras foi vendida por 250 milhões de dólares em 2011, ao Estado do Catar, e as outras quatro telas da série estão expostas em vários museus pelo mundo.

2. Interchange, 1955, Willem de Kooning. US$ 300 milhões

Pintada em 1955 pelo holandês naturalizado norte americano Willem de Kooning, Interchange é a segunda obra abstrata que a parece nessa lista.

Interchange, 1955, Willem de Kooning.

Kooning era sempre vinculado ao expressionismo abstrato e ao action painting, mas o artista , assim como o Rothko, também se recusava a ser enquadrado a movimentos artísticos específicos.

Kooning era conhecido por atacar violentamente seus quadros. Ele empurrava seus pincéis de forma tão dramática e intensa que ele chegava a perfurar as telas. Outra característica interessante é que ele trabalhava uma mesma pintura por muito tempo, raspando a tinta e adicionando mais camadas, trazendo uma sensação de que estavam sobrecarregadas e ainda não terminadas.

Sua primeira venda, em 1955, feita pelo próprio Kooning, por 4 mil dólares, sendo que a galeria mordeu 50% e o Kooning ficou com 2 mil dólares.
34 anos depois, a obra foi adquirida por 20 milhões, e aí ela passa por várias mãos, até ser leiloada e arrematada por 300 milhões de dólares em 2015, sendo a obra abstrata mais valiosa do mundo.

1. Salvator Mundi, 1490-1519, Leonardo da Vinci. US$ 450,3 milhões

E chegamos ao primeiríssimo lugar com ele: cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico Leonardo da Vinci.
Produzido entre 1490-1519, Salvator Mundi é uma pintura que retrata Jesus com um vestido renascentista azul, fazendo o sinal da cruz com a mão direita e segurando uma esfera de cristal com a mão esquerda.

Salvator Mundi, 1490-1519, Leonardo da Vinci.

Importante dizer que essa obra foi reconhecida como uma obra de Da Vinci há pouco tempo, já que haviam dúvidas se a obra tinha sido realmente produzida por Da Vinci ou algum de seus assistentes.

Antes de atingir esse valor, a obra pertenceu a outros colecionadores até que em 2017 ela foi vendida em um leilão da Christie’s para um colecionador privado por 450 milhões e 300 mil dólares, também conhecido como 2 bilhões, 541 milhões, 148 mil, 248 reais e 89 centavos – se estabelecendo como a obra mais cara já vendida no mundo.


As obras de arte mais caras do mundo realmente contemplam “todo o mundo”?

Ao analisarmos a lista das 10 obras de arte contemporânea mais caras do mundo, torna-se evidente a ausência de diversidade entre os artistas destacados. Nenhuma das obras mais valorizadas foi criada por artistas negros, indígenas, do gênero feminino, asiáticos ou latino-americanos. Esta realidade reflete as desigualdades persistentes no mercado de arte, onde a visibilidade e a valorização ainda estão majoritariamente concentradas em artistas de origem europeia ou norte-americana. É crucial reconhecer essa disparidade e trabalhar para promover uma maior inclusão e valorização da diversidade artística, garantindo que vozes de todas as origens possam ser ouvidas e celebradas no cenário global das artes.

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Thais de Albuquerque

Thais de Albuquerque é Relações Públicas, artista visual e criadora de conteúdo. Atua há mais de 15 anos em marketing e criação de identidade visual para empresas, projetos e instituições. Em seu Instagram, desenvolve conteúdos autorais ligados a curiosidades sobre o mundo das artes.

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